O Parque Moinhos de Vento, o Parcão, é a terceira das mais importantes áreas verdes de Porto Alegre a passar pelo menos uma noite sem iluminação por conta do furto de cabos nos últimos 35 dias. Quem passou pela Avenida Goethe ou desceu a lomba da Mostardeiro nas semanas da Páscoa e de Tiradentes não conseguia enxergar o que estava além das calçadas.
Os registros dessas ocorrências já somam 1,4 quilômetro de cabos e pelo menos 168 luminárias furtados, de acordo com a IPSul, empresa responsável pela iluminação pública na Capital. A concessionária afirma que os três parques são os locais onde a maioria das ações criminosas deste tipo acontece. A mais recente levou 12 lâmpadas e três baixadas de comando (termo técnico para os cabos que saem dos quadros de comando e vão até os dutos subterrâneos) da Avenida Goethe e áreas internas do Parque Moinhos de Vento.
O reparo na área ocorre desde a segunda-feira (25) e deve ser concluído nesta terça (26), segundo a IPSul, empresa que recebe mensalmente R$ 1,5 milhão da prefeitura para fazer a manutenção, instalação e modernização da iluminação pública em Porto Alegre.
A recuperação dos postes nos outros dois parques, no entanto, deve levar mais tempo. Os projetores que substituirão os que foram furtados da Redenção na primeira quinzena de abril ainda estão em fase de compra, e vão levar pelo menos 60 dias para serem instalados.
No Parque Marinha do Brasil, uma extensa e contínua reforma no sistema de fiação subterrânea promete mais segurança para os postes da metade sul da área verde, a partir da primeira quinzena de maio. Cerca de 250 lâmpadas de LED e 78 novos postes de quatro metros e dois de 12 metros de altura serão instalados no parque. A modernização ainda terá cerca de 2,6 mil metros de rede subterrânea.
Além disso, a IPSul testou, aprovou e instalará um sistema de monitoramento em tempo real de 23 mil pontos de luz na Capital — com foco nas regiões onde acontecem mais furtos. A melhoria, no entanto, deve funcionar somente a partir de setembro. A ferramenta trará a possibilidade de rastrear de maneira mais ágil onde será preciso repor peças furtadas ou mapear rotas das ocorrências criminosas.
Segurança pública
A outra ponta do problema é a segurança pública. Os materiais furtados são rapidamente negociados com compradores em ferros-velhos em Porto Alegre, tornando difícil a tarefa de recuperar os fios e as luminárias. Ao Gaúcha+ desta terça-feira (26), o Secretário Municipal de Segurança (SMSeg), coronel Mário Ikeda, afirmou que os materiais com marca própria do IPSul, que facilitariam a identificação por meio das operações policiais, são comercializados com prioridade e pressa pelos ladrões.
— As pessoas não levam apenas o fio, levam também o poste e a luminária. Uma das maneiras para que a gente consiga minimizar esse problema é fazendo a identificação dos materiais para que, quando localizarmos um ponto que compre o material reciclável, possamos identificar se algum deles pertence à IPSul. Isso ajuda para responsabilizar pessoas envolvidas nesses ataques — afirma o secretário.
Em uma operação realizada na última quarta-feira (20), a prefeitura chegou a fechar três oficinas de ferro-velho. No entanto, nenhum material foi identificado.
— Cada vez mais as quadrilhas sabem o que é identificável. Então eles se livram desses materiais de uma forma mais rápida — explica Ikeda.
A última ação da Brigada Militar com participação Polícia Civil, feita em 13 de abril, fechou três locais. E voltou a fechar dois deles, haviam recomeçado a operar nos dias seguintes, segundo Ikeda. Nos quatro primeiros meses de 2022, já são 13 presos por conta dessas ocorrências. Em 2021, foram 23 detidos, segundo a SMSeg.