Há alguns anos, a servidora pública Bárbara Pinto, 39 anos, foi assaltada no Parque da Redenção, em Porto Alegre, nas imediações do Auditório Araújo Viana. Desde então, ela evita circular por determinados trechos dá área, onde pratica esportes com o marido, o publicitário Henrique Santini, 45 anos. À noite, quando diversos pontos estão completamente às escuras, o cuidado é redobrado.
— Neste horário, só temos coragem de andar neste trecho entre o espelho d’água e Monumento do Expedicionário — comenta.
O receio do casal está relacionado à ausência de iluminação nas laterais do parque, especialmente entre os recantos alpino, europeu e oriental e o entorno do lago dos pedalinhos. Nesses locais, no mês de março, foram registrados furtos de fiação e de luminárias.
Parte da nova iluminação da Redenção foi concluída pela concessionária IPSul no início do mês passado. Desde o dia 19 de março, quando foi registrado o primeiro furto, pelo menos três depredações à nova iluminação já foram contabilizadas.
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informa que não há previsão de reposição dos equipamentos e acrescenta que, juntamente com a IPSul, trabalha em um projeto de soluções antifurto. Por meio de nota, a secretaria pontua que "não adianta apenas restabelecer a iluminação porque, provavelmente, será alvo de criminosos de novo".
Entre o recanto oriental, onde a iluminação é precária, e o recanto europeu, onde as luminárias foram furtadas, uma estreita passagem recebe a iluminação de um dos postes remanescentes. Sob essa luz, a publicitária Bruna da Silva Vieira, 24 anos, passeava com Aila, sua cachorrinha de estimação, na noite desta segunda-feira (11).
Moradora do bairro Rio Branco, no entorno da Redenção, ela conta que costuma levar o pet para passear no local diariamente, mas evita circular à noite. A jovem comenta sobre a falta de iluminação e sublinha que não é comum ver policiais no local.
— Tem muita concentração de árvores nesta parte sem iluminação, o que torna muito mais fácil de alguém se esconder — destaca.
Entre as árvores, vultos se movimentam e desaparecem em direção às áreas sem iluminação. Além da sensação de insegurança, frequentadores do parque relatam desconforto em caminhar pelo parque durante a noite devido à presença constante de profissionais do sexo e o descarte frequente de preservativos usados pelo chão.
A Secretaria Municipal de Segurança Pública de Porto Alegre afirma que vem recebendo relatos quase diários de furtos de fios, lâmpadas e outros equipamentos. A pasta informa que "foi feito o reforço do patrulhamento na região, mas os detalhes do aumento da segurança da região ainda estão sendo discutidos".
A IPSul venceu o leilão da PPP da iluminação pública em Porto Alegre. Em outubro de 2020, assumiu a operação. A empresa está responsável por garantir a modernização, a manutenção e a expansão da iluminação pública em Porto Alegre por 20 anos. Além da troca de 100% da iluminação pública na Capital e da manutenção do serviço, o consórcio também tem a obrigação de instalar câmeras, sensores, centro de controle, dimerização (graduação da luminosidade das lâmpadas) e tipos de iluminação específica para monumentos.
Iluminação do Marinha do Brasil é depredada
No Parque Marinha do Brasil, mais um ato de depredação ao patrimônio público foi registrado neste fim de semana. Conforme a SMSUrb, sete postes de seis metros e dois de oito metros foram derrubados. Luminárias com lâmpadas LED e aproximadamente 500 metros de cabos foram levados.