Recém-promovido a supervisor, Eduardo Marques Oliveira, 29 anos, esperava o terceiro filho, primeiro da atual esposa, quando saiu para trabalhar na madrugada desta segunda-feira (21). A semana começaria com uma pintura da pista ao lado da Arena do Grêmio, na zona norte de Porto Alegre, em uma das rodovias da CCR ViaSul em que ele era contratado para atuar de maneira terceirizada. Mas um caminhão de carga atingiu o veículo no qual ele estava, por volta das 4h30min, causando a morte de Eduardo e de um colega, e interrompendo uma série de planos para o futuro.
— Ele estava comprando a casa dele, montando tudo para a nova etapa da família que ele estava construindo — diz Dinar Oliveira, 30, irmão mais próximo de Eduardo, entre seis.
Quem deu a notícia a ele e à mãe foi Márcio Aguirre, proprietário da Maqvias, empresa onde Eduardo, natural de Gravataí, trabalhava desde 2018. Mesmo abalado com a perda do colega e funcionário, Aguirre encaminhou os procedimentos legais e auxiliou os familiares de Eduardo com o serviço funerário ao longo da manhã e tarde desta segunda-feira.
— A mãe ficou em choque. Ele (Eduardo) saiu para trabalhar, e nós acordamos com essa notícia que o Márcio veio nos dar — lembra Dinar, que elogia a entrega do irmão ao serviço: — Não tinha horário. Dia e noite, onde tinha uma equipe trabalhando, em todo o Estado, ele podia estar por perto fazendo os relatórios.
Dinar afirma que a CCR, contratante da Maqvia, disponibilizou imagens do acidente. O relato do irmão da vítima aponta que o caminhão em que Eduardo estava se locomovia de maneira lenta e em linha reta, pois realizava a marcação de faixas brancas no chão de asfalto. O choque, segundo ele, foi causado por uma “conversão errada” de pista por parte do outro motorista, que saiu da faixa da esquerda e atingiu a traseira do veículo da Maqvia, ao lado do acostamento.
— O caminhão dele ia a 3 km/h, não tem como trocar de pista porque segue uma linha reta por quilômetros enquanto faz a pintura. E é sempre tudo bem sinalizado, vimos no vídeo — argumentou Dinar.
Por volta das 14h30min desta segunda, Dinar foi até o Instituto Geral de Perícias (IGP) buscar o corpo do irmão. Eduardo era pai de um menino de sete anos e de outro de dois, e sua esposa está grávida de dois meses. O velório dele deve ocorrer em Gravataí.
O corpo do companheiro de trabalho de Eduardo, segunda vítima fatal do acidente desta madrugada, seguiria no IGP até a terça-feira (22). Natural de Mato Grosso, Luís Othavio de Souza Rosa, 24, era quem conduzia o caminhão que realizava a pintura da via. Seus familiares virão de Curitiba e levarão de volta o corpo para ser sepultado na capital paranaense.