O Paço Municipal de Porto Alegre está recebendo serviços de limpeza e manutenção para a comemoração dos 250 anos da Capital. Nesta quarta-feira (23), os leões que guardam a porta principal receberam um "banho". Além disso, pequenos reparos na pintura e em peças de mármore também estão sendo realizados.
De acordo com a Secretaria de Planejamento e Assuntos Estratégicos, não se trata de restauração, mas de serviços periódicos, que estão sendo realizados agora para garantir um ambiente mais limpo para as celebrações que ocorrerão ao longo da semana — inclusive no sábado, com a entrega do edifício que atualmente abriga a prefeitura de Porto Alegre à Secretaria Municipal da Cultura, para ser transformado em museu. O sábado de aniversário será marcado ainda pelo Baile da Cidade, às 20h, na Redenção, com show gratuito da cantora Maria Rita, entre outras atrações. Confira a programação completa de eventos.
O livro A escultura pública de Porto Alegre, do professor de escultura José Francisco Alves, está sendo relançado em meio às comemorações de 250 anos da cidade e apresenta novas avaliações sobre as obras de arte da cidade — incluindo as esculturas do Paço Municipal, presentes na fachada e na entrada do edifício. Ele explica que os leões são estátuas industriais (feitas em série, como uma linha de montagem) de mármore importadas da região de Carrara, na Itália. Elas vem de oficinas de mármore que existem desde antes de Michelangelo, segundo José Francisco.
A figuras foram pensadas para compor o conjunto de estátuas do Paço desde que este começou a ser construído, em 1898, até sua finalização, em 1901, mas foram encomendadas e instaladas apenas em 1911, por questões financeiras.
— O arquiteto resolveu incluir leões, uma alegoria de poder, de conhecimento — explica Alves, ressaltando que se trata de uma simbologia comum em prédios públicos.
O professor destaca ainda a importância do prédio por sua fachada, que deu origem a uma "febre porto-alegrense", no início do século 20, de decoração estatuária original (isto é, feita especificamente para um edifício) em fachadas de prédios públicos, privados, comércio, indústria, residências e obras públicas (como o viaduto Otávio Rocha) — algo que não ocorreu em outras capitais na mesma intensidade.
— A cidade era muito provinciana, mas ao mesmo tempo, sua arquitetura era riquíssima. Dificilmente havia uma cidade dessa época e tamanho com tanta estatuária — explica. — O Paço dos Açorianos é um conjunto artístico das belas artes: arquitetura, escultura e pintura. É como um todo, uma obra realmente extraordinária para a época.