Porto Alegre

Vento forte
Notícia

Secretaria do Meio Ambiente do RS classifica como microexplosão fenômeno que causou destruição em Guaíba

Evento é marcado por violenta corrente de vento descendente que se espalha com agressividade ao atingir a superfície

Anderson Aires

Enviar email
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Tempestade causou transtornos no município

O forte vento que espalhou destruição e medo por Guaíba, na última segunda-feira (17), foi causado por uma microexplosão. A avaliação é da Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). Também conhecido como downburst, o fenômeno é marcado por violenta corrente de vento descendente que se espalha com agressividade ao atingir a superfície, danificando o que encontra pela frente. 

O aguaceiro, somado às rajadas de vento que atingiram Guaíba, provocou desabamentos, destelhamentos e queda de árvores. Até o momento, não há relato sobre feridos em razão do mau tempo no município. 

“O tempo instável, somado ao calor na parte da tarde e à umidade, e aliado à frente fria, favoreceram os temporais e a consequente formação de um CCM (Complexo Convectivo de Mesoescala), dando origem a uma linha de instabilidade que se formou na Região Metropolitana de Porto Alegre, e gerou a formação de uma microexplosão em Guaíba”, informa trecho do documento enviado pelo governo estadual na tarde desta terça-feira (18).

Especialistas ouvidos pela reportagem de GZH também afirmam que a hipótese mais forte é a de microexplosão. As características do rastro de destruição deixado pelo vento é um dos indícios que apontam para esse fenômeno, segundo os meteorologistas. 

— Como é um movimento de ar que desce da nuvem e se espalha lateralmente no solo, a microexplosão acaba causando esse excesso de danos de uma maneira não convergente. Ou seja, os danos ficam espalhados, mas preferencialmente em um sentido. Já o tornado, não. Como ele traz os danos em direção a ele, faz uma região de estragos bem concentrada, porém com padrões convergentes de destelhamento, de queda de árvores, o que não é o caso de Guaíba — explica o meteorologista Murilo Machado Lopes, doutorando em Meteorologia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

— No downburst, quando o vento chega na superfície, vai em uma direção só. Os danos são causados, todos, jogando os objetos em uma direção só. Já o tornado espalha os objetos para várias direções, com itens retorcidos, por exemplo. Geralmente o rastro de danos causados pelo tornado também não afeta uma área com uma largura tão ampla — explica o meteorologista Eliton Lima de Figueiredo, do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (Cpmet) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

A nota técnica da Sema informa, com base em dados do Climatempo, que a microexplosão pode gerar rajadas de vento que podem percorrer cerca de seis quilômetros de distância, com duração de dois a cinco minutos e em grandes velocidades. 

“Apesar de rápido, pode produzir ventos de até 270 km/h. Quando uma microexplosão atinge uma região, deixa para trás um padrão em linha reta de destruição e detritos, enquanto os danos causados pelos ventos de um tornado causam danos em um padrão circular”, destaca trecho da nota.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha Faixa Especial

19:00 - 22:00