O forte vento que espalhou destruição e medo por Guaíba, na última segunda-feira (17), foi causado por uma microexplosão. A avaliação é da Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). Também conhecido como downburst, o fenômeno é marcado por violenta corrente de vento descendente que se espalha com agressividade ao atingir a superfície, danificando o que encontra pela frente.
O aguaceiro, somado às rajadas de vento que atingiram Guaíba, provocou desabamentos, destelhamentos e queda de árvores. Até o momento, não há relato sobre feridos em razão do mau tempo no município.
“O tempo instável, somado ao calor na parte da tarde e à umidade, e aliado à frente fria, favoreceram os temporais e a consequente formação de um CCM (Complexo Convectivo de Mesoescala), dando origem a uma linha de instabilidade que se formou na Região Metropolitana de Porto Alegre, e gerou a formação de uma microexplosão em Guaíba”, informa trecho do documento enviado pelo governo estadual na tarde desta terça-feira (18).
Especialistas ouvidos pela reportagem de GZH também afirmam que a hipótese mais forte é a de microexplosão. As características do rastro de destruição deixado pelo vento é um dos indícios que apontam para esse fenômeno, segundo os meteorologistas.
— Como é um movimento de ar que desce da nuvem e se espalha lateralmente no solo, a microexplosão acaba causando esse excesso de danos de uma maneira não convergente. Ou seja, os danos ficam espalhados, mas preferencialmente em um sentido. Já o tornado, não. Como ele traz os danos em direção a ele, faz uma região de estragos bem concentrada, porém com padrões convergentes de destelhamento, de queda de árvores, o que não é o caso de Guaíba — explica o meteorologista Murilo Machado Lopes, doutorando em Meteorologia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
— No downburst, quando o vento chega na superfície, vai em uma direção só. Os danos são causados, todos, jogando os objetos em uma direção só. Já o tornado espalha os objetos para várias direções, com itens retorcidos, por exemplo. Geralmente o rastro de danos causados pelo tornado também não afeta uma área com uma largura tão ampla — explica o meteorologista Eliton Lima de Figueiredo, do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (Cpmet) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A nota técnica da Sema informa, com base em dados do Climatempo, que a microexplosão pode gerar rajadas de vento que podem percorrer cerca de seis quilômetros de distância, com duração de dois a cinco minutos e em grandes velocidades.
“Apesar de rápido, pode produzir ventos de até 270 km/h. Quando uma microexplosão atinge uma região, deixa para trás um padrão em linha reta de destruição e detritos, enquanto os danos causados pelos ventos de um tornado causam danos em um padrão circular”, destaca trecho da nota.