Apesar da retomada do trabalho presencial para parte da população, 2021 encerrou com aumento de apenas 4% no número de passageiros de ônibus transportados em Porto Alegre, em relação ao ano anterior. Segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a média anual, baseada na quantidade de passageiros que passaram pelas roletas durante os dias úteis, foi de 402.088, enquanto no ano passado esse número foi de 386.032.
Os indicadores ainda estão longe do patamar registrado antes da pandemia. Em 2019, a média de pessoas que utilizaram o transporte público foi de 798.685, o que representa uma queda de quase 50%.
Segundo o engenheiro da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) Antônio Augusto Lovatto, a vacinação contra a covid-19 e a consequente diminuição de casos da doença na segunda metade de 2021 auxiliaram na recuperação. No entanto, os momentos mais críticos no início do ano fizeram com que esse crescimento fosse menor que o esperado.
— Há um ano, esperávamos chegar a 80% do cenário de antes da pandemia. Mas fomos pegos de surpresa pelo agravamento da doença, e foi possível alcançar apenas 62%, em relação ao que tínhamos na primeira quinzena de março de 2020 — afirma Lovatto.
Conforme os dados referentes a cada mês do último ano, é possível relacionar o número de passageiros com os diferentes cenário da pandemia. Nos primeiros meses de 2021, foi registrada uma média similar a 2020, que sofreu uma queda brusca em março, com 291.339 pessoas transportadas. A partir de então, os indicadores passaram a aumentar gradativamente mês a mês, até chegar no pico de 512.586.
Ainda que 2022 tenha iniciado com um novo aumento de casos de covid-19, especialistas acreditam que será possível ter uma alta significativa de passageiros, chegando a 80% das viagens de 2019. A principal expectativa está no retorno dos estudantes, que, em sua maioria, seguem tendo aulas remotas. Mesmo assim, o processo deve ser gradual. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, iria reabrir as portas ainda neste mês, mas adiou a data para 7 de fevereiro em razão do avanço da variante Ômicron.
Em meio à perspectiva otimista, o gerente de Planejamento da Operação de Transporte da EPTC, Flávio Tumelero, esclarece que dificilmente será possível retomar o movimento de passageiros de antes da pandemia em um curto espaço de tempo. Segundo ele, esse período serviu para intensificar ainda mais uma tendência de queda de usuários já registrada nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, o quantitativo foi 8% superior ao ano seguinte.
— De 1994 a 2019, o número de passageiros pagantes caiu pela metade. Até meados de 2012, as quedas eram menores, de aproximadamente 1,5%. Mas, de uns anos pra cá, passaram a ser mais significativas. Isso em razão da chegada de novas tecnologias, como os transportes por aplicativo, e a mudança de necessidade de deslocamento das pessoas. Na pandemia, isso mudou ainda mais, com o home office. Por isso, mesmo que a situação melhore totalmente, é pouco provável que volte aos números de antes — explica.