Referência em economia solidária no Brasil, a Justa Trama, cooperativa que comercializa produtos feitos a partir de algodão agroecológico, lança nova coleção em exposição na 23ª Feira Estadual de Economia Solidária Popular, que ocorre no Largo Glênio Peres, até sábado. Produtos feitos de tricô são as novidades da marca, cuja a sede é localizada no Bairro Sarandi, em Porto Alegre, onde fornecem cursos de capacitação para mulheres da comunidade.
— Hoje elas fazem a roupa a partir do tricô, com cordões orgânicos, que são restos de fios da tecelagem. Blusas, coletes, regatas, saídas de praia, chapéus e bolsas são alguns dos produtos que já podem ser conferidos na feira — conta Nelsa Nespolo, fundadora da marca.
Outros lançamentos, previstos para início de 2022, serão as peças bordadas manualmente por mulheres do Estado do Espírito Santo. Macacão, saia, vestido e blusa, são algumas das novidades que serão apresentadas pela cooperativa.
Em todo o Brasil
A Justa Trama, fundada em 2005, originou-se de uma parceria entre cooperativas das cinco regiões do Brasil. Cada uma é responsável por uma etapa da produção: no Ceará, ocorre o plantio do algodão orgânico; em Mato Grosso do Sul, é realizada a plantação do algodão orgânico colorido; a fiação e tecelagem é feita em Minas Gerais; a produção de botões e colares de sementes acontece em Roraima; e, por último, a confecção, em Porto Alegre.
Ao todo, são mais de 500 pessoas envolvidas no processo, desde o plantio à confecção. Na capital gaúcha, trabalham 23 mulheres, atuando no corte, costura, bordados, serigrafia, tingimento e controle de estoque.
No próximo ano, a marca contará com mais um elo. O plantio do algodão colorido também passará a ser feito em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
— Apesar de ser um momento tão conturbado no país, onde há muita desigualdade e desemprego, poder dar oportunidade, fazendo com que mais pessoas conectem com a gente, é algo muito importante e de muita alegria para nós — diz Nelsa.
Renda é dividida entre todos
Dentre as dificuldades, Nelsa Nespolo destaca a distância entre os setores, que é de mais de 5 mil quilômetros, e, segundo ela, isso acaba exigindo muita confiança e participação de todos. No entanto, seu principal desafio é avançar no combate à desigualdade social. De acordo com Nelsa, preservar o meio ambiente, não usar agrotóxicos no plantio e também cuidar de cada detalhe do processo até o consumidor final — o que a marca já faz — são os primeiros passos para promover a equidade social.
— Milionários ficam cada vez mais ricos, a concentração de renda está na mão de poucos. Então, buscamos combater isso também, cada um dos trabalhadores envolvidos têm um valor combinado de forma justa, de acordo com sua produção. Aqui ninguém enriquece sozinho. Geramos renda e essa renda é dividida para todos — afirma a fundadora.
A Justa Trama visa ser cada vez mais reconhecida como uma cadeia da economia solidária, que distribui de maneira correta o resultado dos ganhos. A ideia é mostrar para a sociedade que, para preservar o ambiente, muito além de consumir alimentos saudáveis, é também utilizar roupas, lençóis e outros produtos orgânicos.
Saiba mais:
/// Últimos dias da 23ª Feira Estadual de Economia Solidária Popular
/// Largo Glênio Peres, Centro Histórico da Capital.
/// Hoje, das 8h30min às 19h, e no sábado, das 8h30min às 18h.
Conheça a Justa Trama
/// Rua Afonso Paulo Feijó, 501. Sarandi, Porto Alegre. Telefone (51) 3344-3454
/// Para visualizar e comprar as roupas da marca, acesse justatrama.com.br/loja/. As entregas são feitas para todo o Brasil.
Produção: Leonardo Bender