Em dezembro, completará 10 anos que o Minizoo do Parque da Redenção foi desativado. Entre aplausos e protestos, os 78 animais foram colocados em um caminhão rumo à região central do Estado. Localizada onde hoje há o cachorródromo, perto da Universidade Federal do RS (UFRGS), a estrutura não oferecia as condições adequadas para abrigar animais, segundo avaliação do Ibama, à época.
Os bichos vivem hoje no São Braz, um mantenedouro de fauna da localidade do distrito de Boca do Monte, em Santa Maria. A exceção são os micos-pregos, que passaram por um longo período de readaptação, aprendendo a buscar alimentos e a se defender de predadores, e foram devolvidos à natureza na Floresta Natural de Canela.
— Aqui não tem aquela balbúrdia de pessoas na volta. A gente faz muito enriquecimento ambiental, com outros companheiros da mesma espécie — destaca o criador do mantenedouro, Santos Braz.
Alguns bichos acabaram morrendo de causas naturais na última década, incluindo um jabuti, duas araras e, entre os psitacídeos, dois papagaios. Os falcões, os faisões domésticos e os urubus, todos, estão vivos. O pavão é o que mais tem regalias: vive solto, andando livre pelo mantenedouro.
Dupla famosa do Minizoo, as araras fêmeas Linda e Lara vivem bem em Santa Maria. A primeira é uma arara de penugem azul, da espécie canindé, e Lara é macau, tem penugem avermelhada. Elas ficaram conhecidas na Redenção por formarem um casal.
Por conviverem unidas e isoladas de outros de sua espécie por tantos anos, elas começaram a namorar. Chegaram a colocar e chocar ovos também juntas (sem a presença de filhotes).
Elas foram colocadas no recinto de ressocialização com 21 araras. O objetivo era confirmar se as duas aves fêmeas configuravam mesmo um casal. Mas, depois de alguns dias de convivência, começou a paquera com araras machos. Como elas são de espécies diferentes, Lara está em um recinto sozinha, e Linda acasalou com outro da mesma espécie.
Há mais de 25 anos, o mantenedouro São Braz cuida e reabilita animais silvestres, geralmente vítimas da ação humana. A equipe técnica tem mais de 15 colaboradores, incluindo biólogos, zootecnistas, médicos veterinários, além do apoio do núcleo de pesquisa de animais selvagens da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
— Cuidamos de animais obtidos de maneira ilegal, por maus-tratos, com vida pregressa de circo, atropelados ou que vêm de outras instituições. Todos os que têm condições de voltar à natureza são devolvidos à vida livre e, a quem não tem, é dado suporte para ter um fim de vida digno — diz Silvia Braz, diretora-executiva do mantenedouro.
Cuidando de animais de 134 espécies, o lugar sobrevive por doações e visitas — é aberto ao público, a partir de agendamento, pelos telefones (55) 99118-3480, com Silvia, ou (55) 99967-7707, com Santos. O ingresso custa R$ 15, com tempo de permanência máxima de duas horas.