Crown, Cross, Parker, Waterman, Sheaffer, Montblanc. O leitor que conhece esses nomes provavelmente já teve uma caneta "chique" ou, pelo menos, desejou uma delas. Famosas entre colecionadores, as canetas caras seguem populares, em plena era digital, entre os frequentadores da loja Rei das Canetas, na Galeria do Rosário, no centro de Porto Alegre.
Criada em 1958, a loja foi comprada por Asher Rubin de um tio, em 1988. Hoje aos 69 anos, Rubin calcula ter centenas de canetas dentro do estabelecimento — talvez quase mil —, mas aposta também em outros produtos para manter o negócio em meio à pandemia. Além dos refis usados como carga das canetas, que são o carro-chefe da loja, também são vendidos estojos para guardar os preciosos itens.
O ponto de partida para se reinventar surgiu de repente, quando um homem entrou no estabelecimento e perguntou se Rubin precisava de algum serviço em couro.
— Pedi para que ele fizesse uma pasta igual à que eu tenho. Dias depois, ele me trouxe uma pasta excelente, trabalho magnífico, acabamento sensacional. Era uma pasta para 20 canetas, que muitos colecionadores gostam. Pedi para 10, 20, 60, 80 canetas, e hoje as pastas representam cerca de 15% do meu faturamento mensal. Estou vendendo para todo o Brasil — descreve.
Mas ainda há quem seja apaixonado pelas canetas — e muitas delas, inclusive, exigem alto investimento.
— A Parker 51, que foi relançada este ano, está na faixa dos R$ 3 mil. A esferográfica, na faixa dos R$ 850. Mas existem canetas muito acessíveis, como Parker a partir de R$ 120, Montblanc a partir dos R$ 2 mil. Tem para todos os gostos. A Crown tem a partir de R$ 90 — cita.
O público mais fiel das canetas está entre os colecionadores, mas o item também é cobiçado por desembargadores, juízes e médicos. Rubin participa de três grupos no WhatsApp por meio dos quais tem contato com compradores de todo o Brasil.
O "rei das canetas" brinca com o fato de que as peças costumam desaparecer com frequência. Segundo ele, no entanto, quanto mais caras são, maior é o cuidado do dono.
Para Rubin, a tradição é uma das marcas da loja, o que faz com que conheça praticamente todos os clientes:
— O avô traz o filho, que traz o neto, que viu a caneta sendo usada e deseja ter o mesmo objeto. E assim vamos mantendo esse ciclo aqui no Rei das Canetas.
Ouça a entrevista na Rádio Gaúcha