O prefeito Sebastião Melo classificou como "inoportuna e injusta" a manifestação de rodoviários ligados à Carris, nesta segunda-feira (23), que afeta a circulação dos ônibus em Porto Alegre. O prefeito confirmou que determinou corte do ponto e desconto do salário dos servidores que participam do ato.
Melo disse ainda que pode editar um decreto requisitando profissionais da iniciativa privada para operar o transporte coletivo. O chefe do Executivo cogitou também requisitar motoristas do Exército e da Brigada Militar.
— O povo não vai ficar sem transporte. A população não vai ser prejudicada — disse em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
O protesto é contrário ao projeto apresentado pela prefeitura à Câmara de Vereadores que propõe a desestatização da companhia. Segundo Melo, contudo, a Carris é uma empresa que "não tem condições de continuar".
— Estou convencido de que a desestatização vai melhorar o serviço e baixar o preço da passagem — disse, acrescentando que o modelo da empresa "faliu antes mesmo da pandemia".
Sobre a retirada dos cobradores dos ônibus, também tema de projeto enviado ao Legislativo, o prefeito disse que a medida, se aprovada, entrará em vigor apenas a partir de 2026. Ele afirmou que a maioria dos profissionais já estará aposentada, e os que ainda não estiverem receberão da prefeitura cursos e auxílio para a reinserção no mercado de trabalho.
Além disso, Melo abriu a possibilidade para que haja "facilitadores" — uma espécie de cobrador — em linhas especificas.
— Medidas devem ser tomadas. Não há remédio que não seja amargo — concluiu.
Melo afirmou ainda que segue aberto ao diálogo sobre os projetos, mas que eles serão levados à votação na Câmara. De acordo com ele, no entanto, isso ocorrerá quando as propostas estiverem "costuradas".
Também em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abbade, disse que aguardaria o prefeito em frente à garagem da Carris, para negociar. O chefe do Executivo, no entanto, afirmou que não irá comparecer no local.