O corpo do tenente Deroci de Almeida da Costa, 46 anos, foi encontrado às 18h30min desta quarta-feira (21) durante o sétimo dia de buscas nas ruínas do prédio da Secretaria da Segurança Pública, em Porto Alegre. A identificação do corpo foi feita por procedimento de papiloscopia por impressão digital, realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). O tenente Almeida atuava na noite do incêndio como o oficial de serviço, o responsável por despachar viaturas e coordenar as equipes de combate às chamas. Casado e pai de dois filhos, o bombeiro estava na corporação desde dezembro de 1998.
Seguem as buscas pelo sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, 51, também desaparecido desde a noite do incêndio.
A informação foi confirmada pelo governador Eduardo Leite em coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira em frente a SSP. Leite prestou solidariedade à família e ao Corpo de Bombeiros:
— Lamentavelmente perdemos o tenente Almeida no desabamento de oito andares. Nossa gratidão, nossa homenagem e nossos pêsames a todos os familiares.
O tenente foi localizado no térreo da edificação, em uma área onde houve desabamento, na frente da porta de entrada do Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) que funcionava no anexo ao prédio da SSP. Essa área não foi atingida pelo incêndio.
— A morte dele se deu por esmagamento. O corpo não foi carbonizado. Todo corpo de bombeiro trabalhou de forma ininterrupta e que seguirá ainda. Talvez ainda nesta noite ou mais tardar na manhã desta quinta-feira vamos localizar o sargento Munhós. Não queríamos esse desfecho — afirmou o vice-governador e secretário da Segurança Pública Ranolfo Vieira Júnior.
O trabalho do Corpo de Bombeiro ocorre de forma ininterrupta por mais de 160 horas, com iluminação especial durante a noite e uso de maquinário pesado para limpeza dos escombros. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Cesar Bonfantil afirmou que os trabalhos só acabarão quando o sargento Munhós for encontrado:
— Infelizmente tivemos a perda de um grande herói nosso. Vamos continuar trabalhando pois é assim que ele sempre se dedicou. Temos mais de 120 bombeiros agora nesse local nas buscas pelo sargento Munhós. Acreditamos que no máximo amanhã de manhã vamos localizá-lo. Bem provável que ele estava próximo ajudando o tenente Almeida.
O governador ressaltou que a sequência das buscas exige cuidado pois não se pode colocar em risco as equipes que estão trabalhando:
Infelizmente tivemos a perda de um grande herói nosso. Vamos continuar trabalhando pois é assim que ele sempre se dedicou. Temos mais de 120 bombeiros agora nesse local nas buscas pelo sargento Munhós. Acreditamos que no máximo amanhã de manhã vamos localizá-lo.
CORONEL CESAR BONFANTI
Comandante-geral do Corpo de Bombeiros
— Os próximos escombros, eventualmente, podem servir de apoio a alguma estrutura então qualquer movimentação desses entulhos tem que ser feito com muito cuidado e feito de forma incessante.
A operação trabalha com a hipótese de que o sargento Munhós esteja próximo ao local onde o tenente Almeida foi encontrado.
— Nossas equipes sempre trabalham em dupla, no mínimo. O tenente Almeida era encarregado de que as pessoas tivessem saído do prédio e que as equipes também estivessem atuando em segurança. Supõe-se que o tenente Almeida entrou no prédio com o sargento Munhós — disse o tenente-coronel Eduardo Estevam Rodrigues, comandante do 1º Batalhão dos Bombeiros Militares de Porto Alegre e coordenador do trabalho de buscas na SSP.
O tenente Almeida estava desaparecido desde a noite do dia 14 de julho, quando incêndio destruiu o prédio na Avenida Voluntários da Pátria. Quase seis metros de entulhos e concreto dificultavam os trabalhos. Agora, seguem as busca pelo 2° sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós.
O incêndio no prédio que sediava a cúpula das decisões estratégias da segurança pública gaúcha iniciou por volta das 21h40min do dia 14 quando cerca de 40 pessoas trabalhavam no local. Sete testemunhas contam à Polícia Civil que viram a fumaça iniciar em uma sala do quarto andar, onde funcionava o setor administrativo da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). O prédio foi rapidamente evacuado e 15 minutos após o começo das chamas o quarto e quinto andar já estavam tomados pelo fogo. Por volta das 23h30min, parte da estrutura desabou. Dois bombeiros desapareceram no começo da madrugada do dia 15.