O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel César Eduardo Bonfanti, detalhou no começo da manhã desta quinta-feira (15) como foi o combate ao incêndio e as dificuldades no trabalho para conter o fogo que atingiu o prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em Porto Alegre, na noite passada. A estrutura foi destruída pelas chamas.
Por volta das 6h30min, o coronel falou à imprensa que as primeiras equipes chegaram ao edifício às 21h40min de quarta-feira (14) para combate as chamas no quarto pavimento. Segundo ele, ao chegar ao local, o incêndio já havia passado da fase inicial. Dois bombeiros militares estão desaparecidos.
— Quando foi localizado o incêndio já nem era mais um princípio de incêndio. Nossas guarnições chegaram e se deslocaram até o quarto pavimento, tentaram fazer o combate ao incêndio internamente, o que não foi possível. Tivemos que iniciar o combate a incêndio externo, onde também tivemos dificuldade, pela dificuldade de acesso e a nossa autoescada que não foi tão efetiva nesse combate.
O coronel detalhou que as buscas pelos militares irão iniciam assim que houver condições de segurança para os servidores que serão envolvidos neste trabalho. No início da manhã, chegará auxílio de quatro equipes com cães especializados em busca. Os Bombeiros não divulgam os nomes dos dois militares no momento. As famílias, segundo o coronel, já têm conhecimento do desaparecimento.
— Tínhamos equipe combatendo incêndio interna e externamente. Um dos desaparecidos era o oficial de serviço responsável pela atividade operacional do dia. Outro trabalhava no comando e veio de forma voluntária auxiliar as guarnições. Tivemos 70 militares autuando, mais os que vieram voluntariamente ajudar. É comum fazer combate interno e externo, mas a avaliação é feita na hora devido à característica do incêndio. Quando começa situações de rachadura, é importante o recuo dessas equipes e talvez elas não tiveram a oportunidade de sair em determinado momento. É bem provável que isso tenha acontecido.
O comandante deu detalhes sobre a velocidade em que as chamas se espalharam no prédio localizado na Avenida Voluntários da Pátria, bem próximo à rodoviária de Porto Alegre. Os trabalhos de rescaldos ainda seguem no começo desta manhã, o que, de acordo com o coronel, é comum em prédios altos.
— É prédio antigo e que certamente tem uma carga de incêndio muito grande. Em todo prédio com essas características, a propagação se torna muito fácil. Inicialmente não tivemos dificuldade para entrar no prédio, chegamos e fomos até o quarto pavimento, mas tivemos dificuldade de combate a incêndio lá. No momento em que descemos para levar mais mangueiras, já não conseguimos mais chegar no quarto pavimento e já tinha o quinto pavimento com incêndio bastante forte, o que determinou recuo das guarnições e início do combate externo.
O comandante não sabe precisar em que momento os dois bombeiros desapareceram. A falta deles foi identificada quando a equipe procurou o oficial de serviço, responsável pela linha de combate a incêndio, na área externa do prédio, e não o localizou.
— Não temos como acessar agora porque vários andares desabaram. Há risco de outros desabamentos. Vamos aguardar para visualizar pela manhã. Não temos confirmação da localização dos dois, a probabilidade de estarem no prédio é bastante grande. Os dois têm muita experiência, trabalham há muito tempo em Porto Alegre. O sargento já tinha tempo para se aposentar e o tenente tem entre 20 e 25 anos de bombeiros. São experientes e acostumados a ocorrências de grande porte.
Questionado sobre o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI) do prédio da SSP, o comandante disse que o documento estava em fase de adaptação dos sistemas, mas já tinha certificado de aprovação.
— Tudo o que foi proposto foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros, após essa aprovação, tem uma segunda fase que é instalação dos sistemas e adequação conforme legislação. Tinha extintores, pelo que temos de relato. Foi tentada a utilização, mas como foi numa sala onde não tinha ninguém, quando verificaram que estava pegando fogo, tentaram usar extintor e já não foi suficiente. O nosso pessoal teve dificuldade nesse combate. Os equipamentos de segurança que devem estar instalados, sinalização, extintores, iluminação, estavam ok. Houve treinamento, realizamos no início do ano, treinamento específico, esses itens mínimos estavam postos. Mas muitas vezes eles não são suficientes para se extinguir um incêndio já em grandes proporções.