Novos protestos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro ocorreram neste sábado (3) pelo país. Em Porto Alegre, a concentração dos manifestantes começou às 15h no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico. Por volta das 17h45min, o grupo ocupava a Avenida Loureiro da Silva em toda sua extensão, da Usina do Gasômetro até o Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi encerrado pouco antes das 19h.
Os manifestantes criticam a gestão de Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus e cobram explicações em relação as denúncias de supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, apontadas na CPI da Covid.
As denúncias resultaram na abertura de um inquérito para investigar Bolsonaro por suposta prevaricação nas negociações da vacina. A determinação foi da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No ato na Capital, manifestantes levavam faixas pedindo por mais vacinas e defendendo o impeachment do presidente. Também há bandeiras LGBT+, de sindicatos, de movimentos sociais e de partidos políticos. Há manifestações em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra a disseminação de fake news. Do carro de som, manifestantes gritavam pedido por mais vacinas e educação e contra a política de apoio ao armamento.
— Bolsonaro quer propina, o povo quer vacina — ecoava o grupo.
Com bandeiras do Brasil, a professora Nubia Ernandes da Rosa, 41 anos, participa do protesto nesta tarde, ao lado do marido, Marcelo Nascimento. Moradores de Gravataí, ambos estiveram no ato no município da Região Metropolitana durante a manhã.
— O presidente usa as cores do Brasil, mas elas são do povo brasileiro. Ele não pode ficar dono disso. Nada mais justo do que trazer nosso maior símbolo para um momento como este, histórico, de manifestação. Bolsonaro usou o patriotismo para se eleger. Mas ser patriota é lutar pelos nossos direitos e preservar a vida, o que ele nunca fez. Estamos transformando nosso luto em luta — diz Nubia.
Com roupas pretas, representando o luto, e cruzes brancas, para lembrar as vítimas que morreram em razão do coronavírus, um grupo de profissionais da área da cultura e da artes cênicas participou do ato (foto acima).
— Estamos aqui fazendo uma denúncia e também uma homenagem a todas as vítimas provocadas por um governo incompetente, insensível, que trouxe diversos problemas ao povo brasileiro, como as mortes desenfreadas e a fome que cresce pelo país. Essas vacinas, que agora estamos recebendo, já podiam estar nos nossos braços desde o ano passado. Podíamos ter salvo vidas — afirma a atriz Sandra Dani, 73 anos.
Vitalina Gonçalves, coordenadora da Frente Brasil Popular da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das entidades que está organizando os protestos no país, defende a importância das manifestações, mesmo durante a pandemia:
— Está comprovado que, além de genocida, Bolsonaro é corrupto. Matou mais de 500 mil pessoas para negociar em cima, lucrando com as mortes. Nosso povo não aguenta mais morrer de fome e nem de falta de vacina. Por isso estamos nas ruas.
A maioria dos manifestantes está de máscara para proteção contra o coronavírus, mas é registrada aglomeração em alguns pontos.