Já estão em posse da prefeitura de Porto Alegre, em envelopes lacrados, os pré-projetos para repaginar o muro da Avenida Mauá. Três propostas foram apresentadas respondendo ao edital da Secretaria Municipal de Parcerias para embelezar a estrutura de 2,6 quilômetros de comprimento e três metros de altura no Centro Histórico pelos próximos dois anos.
Em uma data de junho ainda a ser definida, a prefeitura abrirá os envelopes e representantes de cada um dos três projetos farão sustentação oral para uma comissão de seis representantes de diferentes secretarias da prefeitura. Conforme o edital, será escolhida a proposta que “trouxer maior embelezamento ao muro e seu entorno”. Um dos nomes da comissão, a secretária Ana Maria Pellini é mais objetiva:
– Acho que o projeto tem de ter arte, leveza. Tem de dar vontade de parar o carro para fazer uma fotografia. Mas também precisa ser um projeto com praticabilidade. Não adianta propor algo para o espaço que seja de difícil manutenção, que não seja factível.
Como os envelopes só serão abertos no dia da sustentação oral, a prefeitura não permitiu que os três concorrentes mostrassem imagens dos pré-projetos. Mas eles conversaram com GZH sobre os conceitos e objetivos de cada um. Conforme Eduardo Ferreira, diretor-geral na Sinergy, que apresentou proposta em consórcio com a HMídia, o grande objetivo foi desestigmatizar o muro e torná-lo um espaço de interação.
– Muro sempre foi um símbolo de separação. Entre territórios, entre culturas, entre pessoas. Nosso desafio foi apresentar um projeto de muro que fosse um símbolo de unidade e uma homenagem à história da cidade. Vamos fazer isso com um mix de verdes e uso de formatos digitais com interatividade. Além disso, o muro deve ser, pela nossa concepção, uma grande seta encontrando o lago – declara Ferreira.
Muro sempre foi um símbolo de separação. Entre territórios, entre culturas, entre pessoas. Nosso desafio foi apresentar um projeto de muro que fosse um símbolo de unidade e uma homenagem à história da cidade.
EDUARDO FERREIRA
da Sinergy
Outra proposta, apresentada pela TIS Marketing, também deseja repensar o muro como bloqueio. A ideia é trabalha-lo como uma espécie de moldura para o que está do outro lado.
– Propusemos trabalhar o muro em diferentes módulos, cada um com aproximadamente 50 metros de extensão, e trabalha-los como uma espécie de galeria a céu aberto. Seria uma mistura de paisagismo, obras de arte e “janelas” com imagens da cidade: o pôr do sol, o cais e outras paisagens de Porto Alegre. A ideia é quebrar a frustração de não enxergar o outro lado – declara João Horácio Garcia Filho, sócio diretor da TIS Marketing.
A terceira proposta foi criada em consórcio pelo fotógrafo Leonid Streliaev e as empresas Imagine Soluções Criativas e Hestudio. Eles propõem o muro do Mauá como um corredor de entrada para o imaginário da cidade, misturando imagens, poesia e letras de músicas de artistas locais.
Seria uma mistura de paisagismo, obras de arte e “janelas” com imagens da cidade: o por do sol, o cais e outras paisagens de Porto Alegre. A ideia é quebrar a frustração de não enxergar o outro lado
JOÃO HORÁCIO GARCIA FILHO
da TIS Marketing
– A Avenida Mauá é uma via expressa, então a ideia principal é o muro conversar com quem está chegando à cidade dentro dos veículos apresentando uma experiência visual. A pessoa vai passando por fotografias, por versos de música para cantarolar e assim vai entrando no clima da cidade. Em vez do choque de deparar uma área degradada logo na entrada, ela vai sendo lembrada de tudo que Porto Alegre tem de bacana – vislumbra Diego Martinez, diretor de desenvolvimento de negócios da Imagine Soluções Criativas.
A ideia principal é o muro conversar com quem está chegando dentro dos veículos apresentando uma experiência visual. A pessoa vai passando por fotografias, por versos de música para cantarolar e assim vai entrando no clima da cidade.
DIEGO MARTINEZ
da Imagine Soluções Criativas
A reforma no muro terá de estar concluída até o aniversário de 250 anos de Porto Alegre, completos em 26 de março de 2022. A adoção vale por dois anos a partir da assinatura do termo, período em que a empresa ou consórcio ficará responsável pela manutenção do espaço e poderá usar 15% da área do muro para fins publicitários. Não é vetado que ela terceirize esses espaços, trazendo parceiros para a execução do projeto.
A ideia da prefeitura é tornar o espaço mais agradável enquanto o BNDES elabora para o governo do Estado um projeto de concessão à iniciativa privada de todo o Cais Mauá. A expectativa é que o projeto de concessão traga uma proposta de solução definitiva para o muro contra possíveis enchentes, como ser substituído por estruturas temporárias ou rebaixado.