Desde 2005, animais abandonados ou encontrados em condições desfavoráveis na rua são acolhidos por Maria Eneida Freitas da Silveira, 57 anos. Comerciária em Gravataí, ela fechou a loja que tinha e trocou a casa por um sítio em Águas Claras, distrito de Viamão. Na nova morada, pôde manter a ajuda aos cães, que já estavam sem espaço na antiga residência.
No último sábado (27), o Sítio da Eneida passou pela maior dificuldade nos 16 anos de atendimento voluntário. Um incêndio destruiu a cozinha na qual preparava refeições aos 300 cachorros resgatados.
– A gente fica sem chão. Nunca tinha acontecido isso aqui - afirma.
Cinco freezers, fogão industrial, panelas e outros utensílios acabaram destruídos pelas chamas. Na manhã desta segunda-feira (29), quase 48 horas após o fogo atingir a peça, ainda havia muita fumaça e uma pequena centelha ao lado de uma das paredes. No pátio, botijões chamuscados foram deixados escorados em um tronco.
O telhado foi parcialmente destruído, e as paredes da cozinha estão visivelmente condenadas. Elas serão derrubadas logo que haja recursos financeiros para uma obra.
Além da estrutura, toda a comida reservada para os bichos foi queimada. No local, havia 10 sacos de 30 quilos cada, com arroz quirera - de grão quebradiço. Parte do alimento estava em quatro panelões, e seria misturado à carne de frango e de gado. Tudo foi perdido.
Nenhum animal ficou ferido. O fogo foi debelado pelo Corpo de Bombeiros do município, ainda no final de semana.
Esposo de Maria Eneida, o industriário aposentado Marco Gutierrez Orcy, 67 anos, afirma que os trabalhadores do sítio tentaram entrar no local do incêndio.
– Queriam entrar na peça para salvar as coisas, mas era muito perigoso. Ninguém viu começar, a gente estava entregando material para reciclagem e ouviu os gritos de fogo, fogo – relembra.
Quatro pessoas trabalham nas tarefas de cuidados com os bichos. Além das três centenas de cães, há em torno de 20 gatos. Todos têm uma ampla área verde e canis com casinhas para dormitório.
Maria Eneida coleta tampinhas, garrafas plásticas e outros materiais recicláveis para vender a locais que comercializam os itens. O dinheiro arrecadado banca boa parte dos custos do espaço de acolhimento. O complemento vem do benefício recebido pelo aposentado.
A comida servida aos cães é misturada com ração “para render mais”, afirma a acolhedora. Os alimentos também são fruto da ajuda de apoiadores.
Poucas horas após o incidente, carregamentos com doações começaram a chegar.
– Eu não tenho palavras para agradecer. Muita gente já procurou, tem uma mobilização, eu nem dou conta de responder tanto WhatsApp. Preciso reconstruir isso logo, para alimentar meus cães - diz Maria Eneida, emocionada com a ajuda.
Móveis, utensílios, todo tipo material de construção e mão de obra são aceitos. Ração ou qualquer valor em dinheiro também é bem-vindo. O contato com Eneida é pelo número 51 99-302-2380. Depósitos podem ser feitos pela chave Pix (CPF): 40288412087, conta em nome de Maria Eneida.