Enquanto estuda alternativas para uma dívida superior a R$ 5 milhões, o Teresópolis Tênis Clube enfrentou, nesta semana, duas invasões à sua sede na zona sul de Porto Alegre. A primeira, que teria ocorrido na madrugada de quarta-feira (17), foi flagrada na manhã seguinte por um homem que atuaria informalmente como zelador do clube.
Foram retirados do local objetos como torneiras de metal, fechaduras, espelhos, cortinas e o que mais pudesse ter valor de revenda como sucata. Alguns objetos, como ventiladores de parede, foram forçados, mas a tentativa de retirá-los não foi bem sucedida.
Ao longo do dia, pessoas ligadas ao clube estiveram no local para retirar objetos de valor sentimental, como fotos e quadros, e instalaram tapumes de madeira e barricadas com mesas nos acessos principais. Não adiantou. Na noite seguinte, a sede foi novamente invadida, e, dessa vez, mais vandalizada do que dilapidada. Gavetas foram reviradas, vidros quebrados e havia restos de comida pelos cantos. Pela manhã, moradores de rua dormiam no local.
– Está tudo devastado lá dentro. Não é mais uma preocupação material, porque o que restava lá eram placas comemorativas, objetos de decoração... Só coisas de valor para quem tem a recordação. Mas é uma sensação de tristeza e de violência – declara Rodrigo Pacheco Ribas, filho da ex-vice-presidente de eventos do clube, Marlene Ribas, que esteve no local tentando reforçar os acessos à área administrativa onde ficavam as principais recordações.
Ribas recolheu, por exemplo, os quadros dos ex-presidentes e pede para que os interessados em guardar o retrato entrem em contato.
Nesta quinta-feira (18), professores das modalidades esportivas e sócios estiveram no local para retirar objetos volumosos que pudessem ser furtados, incluindo um sofá. Em meio à situação de abandono, a presidência está vaga e nenhum conselheiro responde oficialmente pelo clube. Um deles declarou que estava em viagem ao Paraná, e que nada sabia sobre a invasão. Outro, não respondeu aos contatos de GZH. O acesso ao clube vinha limitado a conselheiros e sócios que tinham as chaves para jogar tênis.
Embora com número pequeno de associados, cerca de uma centena, o Teresópolis se mantinha alugando espaços para eventos e promovendo aulas de modalidades esportivas, como vôlei, ioga, hidroginástica e judô. Porém, a pandemia encerrou os eventos em 2020. Em 22 de fevereiro deste ano o clube anunciou em redes sociais a suspensão de suas atividades "até 1º de março ou até quando necessário for". Na mesma semana, a luz do clube foi cortada por falta de pagamento.
Além de polo de lazer e esporte na Zona Sul, o clube verde e branco fez fama pelos bailes de Carnaval entre as décadas de 1970 e 2000, que reuniam 10 mil pessoas e já tiveram até Neguinho de Beija-Flor como mestre de cerimônia. Nos anos 1990, ainda recebeu shows nacionais como Kid Abelha, O Rappa e Claudinho e Bochecha. Para conseguir pagar os credores, agora, os conselheiros cogitam a venda do terreno de mais de 17 mil metros quadrados ou, ao menos, de parte dele.