O vice-prefeito eleito Ricardo Gomes (DEM) é o nome mais cotado para assumir a Secretaria do Desenvolvimento Econômico no futuro governo de Sebastião Melo (MDB), em Porto Alegre. Assessores próximos tanto de Melo quanto de Gomes confirmam, sob condição de anonimato, as crescentes chances de o cenário se confirmar.
A possibilidade da indicação, que faria Gomes acumular a vice-prefeitura com a pasta, ganhou força nos últimos dias a partir de uma conjuntura específica. Durante a campanha, Melo apontou a Secretaria do Desenvolvimento Econômico como prioridade para alavancar projetos que ajudem os setores produtivos da cidade a se reerguerem após a pandemia de coronavírus. Diante do compromisso assumido por Melo, as avaliações são de que a pasta precisa de um nome capacitado, com características de gestão econômica.
Assim, a secretaria não seria uma pasta para indicação puramente política. A dificuldade é encontrar nomes dispostos a deixar funções na iniciativa privada para ocupar um cargo público de secretário municipal, com salário de R$ 12,9 mil, valor inferior ao que executivos estão acostumados a receber no mercado.
Nesta conjuntura, Gomes ganhou força porque já está na política, é vereador e vice-prefeito eleito, e seu protagonismo na campanha se deu exatamente pela atuação na pauta econômica. Ele foi presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e é um dos autores da Lei de Liberdade Econômica no âmbito municipal.
Nos bastidores do DEM, a informação é de que, pessoalmente, Gomes não gostaria de acumular a secretaria, mas aceitaria diante de uma missão designada por Melo.
O prefeito eleito, nesta terça-feira (15), afirmou que não comentaria nenhuma especulação a respeito de nomes para o futuro secretariado. Ele apenas comentou que está esbarrando em obstáculos para buscar lideranças de perfil predominantemente técnico que possam conduzir as áreas mais sensíveis do governo.
— Estou com dificuldade de nomes. Não encontrei ainda um secretário da Educação, da Fazenda e da Saúde. Todas as pessoas que eu tenho tentado, não tenho conseguido. A questão salarial é uma das dificuldades. Mas estamos trabalhando. Agora mesmo (tarde desta terça-feira, dia 15) estou ligando para "fulano" e "beltrano" tentando convencer a assumir — argumentou Melo, sem revelar os procurados.
Nesta terça-feira (15), o emedebista se reuniu com o reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, e representantes da PUCRS e da Unisinos. Na pauta, um dos temas discutidos foi a programação para os 250 anos de Porto Alegre, marca que será alcançada em 2022.
— A cidade merece que avaliemos o que fazer para comemorar um quarto de milênio. Vai ser na nossa gestão e penso que devemos imaginar algo além do normal — disse Melo.
Ainda neste encontro, Melo apresentou ideias de convênios com as universidades. Um para que os cursos de Arquitetura possam auxiliar a prefeitura em programas de regularização fundiária e outros dois para permitir que formandos de medicina possam atuar nos postos de saúde da Capital, enquanto os de educação física auxiliariam atividades esportivas e de lazer em parques e praças.
— Eu gostaria que isso fosse um trabalho voluntário. Se partir do pressuposto que a prefeitura precisa bancar, aí não dá. Seria uma colaboração das universidades com a cidade — avalia Melo.