Construído em tempo recorde para atender a demanda de leitos gerada pela pandemia — foram 30 dias de obras —, o anexo do Hospital Independência, na zona leste de Porto Alegre, terá seu contrato estendido para 2021. O primeiro acordo previa que, após 31 de dezembro, as 60 vagas voltadas a pacientes com coronavírus seriam transformadas em leitos de ortopedia e traumatologia, especialidade da instituição.
Com a renovação do convênio junto à prefeitura, a instituição continuará recebendo exclusivamente positivados para covid-19 (casos de baixa e média complexidade). Outro ganho para evitar que a curva de mortes avance é a manutenção de uma UTI, criada em setembro, que manterá os 10 leitos intensivos voltados à enfermidade.
De acordo com o diretor médico e técnico do hospital, Angelo Giugliani Chaves, o atendimento especializado será prestado até 30 de abril, com possibilidade de nova renovação.
— Na dependência de como evoluir a doença, esse contrato pode mais uma vez ser prorrogado, com leitos à disposição para aliviar outros hospitais. É um momento importante que a pandemia mostrou: a força do SUS no Brasil, sempre relegado à segundo plano — avalia o médico.
A equipe intensivista é terceirizada, segundo o gestor. Os 10 especialistas poderão continuar na instituição com a manutenção do acordo:
— Não conseguimos contratar médicos diretamente, pois há uma dificuldade de encontrar profissionais da área intensivista. Agora, existe uma previsibilidade orçamentária, o que é importante para mantê-los.
A Secretaria de Saúde de Porto Alegre confirma a ampliação do contrato, adendo assinado na antevéspera de Natal. Além da estrutura do anexo covid do Hospital Independência, a prefeitura afirma que foram estendidas as parcerias com os demais setores da instituição, localizada na Avenida Antônio de Carvalho, bairro Agronomia.
O valor total do contrato com o Divina Providencia - gestor da unidade - é de R$ 24 milhões, pelos quatro meses de duração. Ao mês, são R$ 4,28 milhões para 100 leitos de traumatologia e ortopedia. R$ 1,29 milhão para 60 leitos covid e R$ 480 mil pelos leitos de UTI.
Balanço
Nos seis meses e meio de funcionamento, cerca de 800 pessoas foram atendidas no local. Mensalmente, 2,5 mil exames de laboratório são realizados no anexo, além de cem tomografias. O diretor do hospital explica que esse tipo de procedimento é indispensável para atestar o grau de comprometimento pulmonar do paciente:
— O acompanhamento da evolução pulmonar é importante, porque a covid acomete muito o pulmão dos pacientes.
Para evitar a propagação do vírus a outros ambientes do complexo, um fluxo diferenciado foi estabelecido nos corredores do hospital: os pacientes passam por um túnel, que liga o anexo a área de exames, sem contato com as demais repartições.
Legado
A ala anexa custou R$ 10,4 milhões e foi bancada pelos grupos Ipiranga, Gerdau, Zaffari e Hospital Moinhos de Vento. A construção ocorreu em módulos, projeto da empresa catarinense Brasil ao Cubo. O espaço é gerido pela Sociedade Sulina Divina Providência.
O número de empregos gerados também mostra o legado da construção para o município: são mais de cem profissionais, entre técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros trabalhadores.
Os leitos contam com monitor de última geração e acesso a oxigênio. Há ainda salas de isolamento com inversor de ar, que evita a mistura do ar do quarto com o ar do corredor e aparelho de raio X móvel, que agiliza o atendimento sem ser necessário mover o paciente. O anexo tem 1,1 mil metros quadrados.