Mesmo que o Dia da Consciência Negra seja marcado por uma data específica, o 20 de novembro, existem entidades e grupos que trabalham durante o ano inteiro para conscientizar e combater o racismo ainda enraizado na sociedade. Por isso, o Diário Gaúcho convidou coletivos, ONGs e personalidades que atuam diariamente na luta pela valorização dos negros na sociedade para mostrarem seu trabalho.
E isso é feito de diversas maneiras, seja pelo auxílio para aqueles que passam por dificuldades em regiões de vulnerabilidade social, na busca por emprego, em oficinas de artes, música, dança, em eventos e até em ações pontuais. Neste especial, conheça essas e outras histórias de oito entidades que atuam em Porto Alegre com foco na população negra.
Kizomba
/// A entidade surgiu com intuito de divulgar alabês, babalorixás, yalorixás e ser uma fonte de registros da história do povo adepto do batuque.
/// A inspiração do idealizador, Israel Ávila, foi por notar que diferente das demais religiões, o batuque não tem um livro a seguir, como a Bíblia, por exemplo. Assim, os trabalhos feitos são registros existentes que podem contribuir para a continuidade da religião.
/// São cerca de 50 pessoas envolvidas e um braço chamado Kizombinha, que visa ensinar crianças a tocar tambor, instrumento necessário nas casas de religião de matriz africana.
/// Os trabalhos do Kizomba pode ser encontrados nas redes sociais, no facebook.com/kizombaTV, o Instagram é o @kizomba_tv, e os vídeos produzidos estão em bit.ly/kizombaTV.
/// Contato: (51) 99137-2097.
Associação de Moradores da Vila Tronco e ONG Ganga Zumba
/// Criadas pelo líder comunitário Paulo Jorge Amaral Cardoso, 69 anos - faleceu há cerca de um mês, vítima da covid-19 -, as entidades atuam na valorização da autoestima do negro.
/// Umas das principais bandeiras é o troféu Ganga Zumba, que homenageia negros e negras que se destacam em suas áreas de atuação.
/// Na pandemia, o grupo focou os trabalhos na distribuição de alimentos para famílias necessitadas.
/// Agora, o filho de Paulo Jorge, Luciano Cardoso, 50 anos, é quem preside as entidades, que envolvem cerca de 45 pessoas.
/// Contatos: (51) 98547-2389, (51) 3232-0253, facebook.com/entidadesocialamavtron
União das Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro)
/// Criado no final do anos 1980 em Salvador, na Bahia. O grupo tem núcleos espalhados por todo o país, inclusive Porto Alegre.
/// Com foco mais político, a Unegro luta pela aplicação de uma lei federal que determina a inclusão da história da cultura negra e da África em currículos escolares. Defende ainda a liberdade das culturas e religiões de matriz africana. O grupo também é ativista em causas como o extermínio da juventude negra em comunidades pelas forças policiais e a ampliação da participação de negros nos espaços de poder.
/// Em Porto Alegre, a entidade é presidida pelo produtor cultural Dilmair Monte, 67 anos, personalidade conhecida do Carnaval e também do ativismo negro.
/// O grupo também trabalha no auxílio de famílias carentes. Por isso, doações podem ser entregues na sede da entidade, na Rua Barros Cassal, 160, no Centro Histórico.
/// Contatos: dilmair.65@gmail.com, facebook.com/UnegroRS.
Embelezamento Popular
/// Quando algumas clientes de seu salão de beleza começaram a desmarcar horários pela falta de emprego, a cabelereira Itanajara Almeida, 53 anos, teve a ideia de criar o Embelezamento Popular.
/// Uma vez por semana, ela fecha o salão para atender mulheres negras que estão na busca por trabalho. No local, elas recebem um dia de beleza, melhorando sua autoestima para as entrevistas de emprego.
/// A iniciativa, criada há 14 anos, tem envolvimento de cerca de 40 pessoal atualmente. O projeto já foi destaque em vários locais, como o programa Caldeirão do Huck, da TV Globo.
/// O projeto aceita parcerias para auxílio com os produtos utilizados e também para encaminhamento de mulheres negras na busca por trabalho.
/// Contatos: WhatsApp (51) 98553-4514, facebook.com/Itanajarabeautysalon. No Instagram, o perfil é @itanajarabeautysalon.
Ponto de Cultura Africanidade
/// Criado no final dos anos 1990 por moradores da Restinga, na Zona Sul. Atua desde 2012 como entidade licenciada e com obtenção estadual e federal do selo Ponto de Cultura.
/// Sob a tutela do líder comunitário José Ventura, o grupo tem quatro oficineiros que trabalham com projetos sociais voltados para todas as idades. Entre as oficinas, capoeira, dança e teatro, além de eventos e contação de histórias sobre a cultura africana.
/// No próximo dia 28, o grupo organiza um seminário online com nomes de destaque da cultura negra no país. Para participar, basta se inscrever pelo link: bit.ly/pontoafricanidade.
/// A entidade precisa de doações para as crianças que frequentam as oficinas, como lanches, roupas e tênis.
/// Contato: facebook.com/PontodCulturAfricanidade.
Associação Comunitária Núcleo Esperança (ASCOMNES) e Confraria da Cuíca
/// Com sede na Restinga, Zona Sul, o grupo existe há cerca de 15 anos. A confraria atua como banda em diversos eventos e, principalmente, durante o Carnaval.
/// Dentro da ASCOMNES, a confraria atua oferendo aulas gratuitas de percussão e dança para jovens e adultos.
/// Durante a pandemia, as aulas têm ocorrido em grupos intercalados, todas quintas-feiras, às 16h.
/// Além da confraria, a ASCOMNES faz atendimento aos moradores da região. Doações e parcerias são bem-vindas.
/// Contatos: (51) 98273-0007, com Anderson Xilico, e facebook.com/ascomnes.restinga.
Nós Por Nós
/// A entidade surgiu em março, com o agravamento da pandemia. Formada por jovens negros, distribui alimentos para moradores de rua e famílias em situação de vulnerabilidade social.
/// Com origem na Cohab Rubem Berta, na Zona Norte, o Nós Por Nós já atua em bairros como Vila Conceição, Bom Jesus, Vila Safira, Parque dos Maias e na Vila Timbaúva.
/// Um dos criadores da ideia, o autônomo Luís Felipe Fernandes, 32 anos, trabalha com o ramo de salgados para festa. Com a baixa na clientela na pandemia e vendo a dificuldade de alguns famílias vizinhas, decidiu angariar doações e iniciar a distribuição dos alimentos.
/// Atualmente, cerca de 30 pessoas estão envolvidas diretamente no trabalho do grupo, que precisa de doações para continuar fornecendo as marmitas e kits de alimentação.
/// Contatos: (51) 98609-1562, com Luís. Nas redes sociais, o Instagram é o @npnsolidariedade.
Sempre Mulher
/// Com sede no bairro Sarandi e em funcionamento desde 2002, a Sempre Mulher é uma organização da sociedade civil e se define como Instituto de Pesquisas e Intervenção Sobre Relações Raciais.
/// O grupo trabalha em parceria com a administração municipal nos serviços de assistência social e fortalecimento de vínculos.
/// Além destes trabalhos vinculados, são organizadas oficinas focadas nos direitos humanos e sociais para população negra em situação de vulnerabilidade social.
/// Existem diversas maneiras de ajuda à Sempre Mulher. Desde o cadastro no programa Nota Fiscal Gaúcha, ou pelo site doacoes.prefeitura.poa.br, e depósito bancário em conta no Banrisul, agência 0028, conta corrente 410267333-6.
/// Também é possível e adquirir roupas no brechó da instituição, que tem valores entre R$ 5 e R$ 15.
/// Contatos: (51) 3344-9591, (51) 99171-6483. Nas redes sociais, a organização está no Instagram, no perfil @osc_sempremulher.