O síndico do condomínio onde um guapuruvu de 26 metros de altura e mais de 50 anos está sendo podado no bairro Independência, em Porto Alegre, afirmou que o corte da árvore é, “infelizmente, o único caminho”. A afirmação de André Porto tem como base laudo de uma bióloga contratada para avaliar a situação do vegetal após a queda de um galho sobre um veículo no ano passado. No último fim de semana, manifestantes protestaram contra a supressão da árvore. Com isso os trabalhos, que ocorriam há cinco semanas, foram suspensos. Agora, o condomínio aguarda posicionamento do Ministério Público (MP-RS) sobre o tema.
— Quando veio esse parecer para nós, de que o único caminho era a supressão, os moradores ficaram muito chateados. Mas, infelizmente, não temos outro caminho a seguir que não seja a supressão — afirmou Porto.
O incidente informado pelo síndico ocorreu em 8 de novembro de 2019. Na ocasião, segundo o laudo emitido pela bióloga contratada, um galho de grandes proporções se desprendeu da árvore, caiu sobre a rede elétrica de alta tensão e atingiu um veículo que transitava na Rua 24 de Outubro, numa noite sem vento ou chuva, ferindo levemente os ocupantes. O galho não apresentava rachadura ou outra lesão aparente, segundo o documento. Dez dias antes do acidente, o galho teria começado a liberar um “líquido de odor desagradável”.
O laudo sugeriu o corte da árvore, porque a lesão aberta após a queda do galho de grande porte “localiza-se na base de outros ramos de grande porte da copa, podendo enfraquecer a sustentação dos mesmos, provocando novos acidentes”.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) autorizou a supressão da árvore e o condomínio contratou uma empresa para realizar o serviço e um técnico para acompanhar o processo, que foi interrompido após as manifestações do fim de semana passado .
— Quem olha o condomínio vai ver que nós temos uma flora muito rica. Nós temos várias outras espécies no condomínio. Nós temos pitangueiras, temos abacateiros, limoeiros e uma série de outras espécies nativas. O condomínio se preocupa muito com isso, com a flora, com a manutenção do seu jardim e lamenta muito o que está acontecendo. Essa árvore faz parte da história do prédio, do bairro e da cidade. Lamentamos muito que o único caminho seja esse, o da supressão — pontua Porto.
Parecer elaborado pelo grupo que lidera a manifestação contra o corte da árvore, formado por ativistas da causa ambiental e moradores da região, avalia que o vegetal não apresenta sinais significativos de apodrecimento, apesar de uma cicatriz de um galho que caiu, o que poderia ter sido submetido a procedimentos de remoção de tecidos necrosados.
Reuniões com Smams e MP
A Smams informou que, após as manifestações do fim de semana passado, ambientalistas e uma moradora do bairro Moinhos de Vento foram recebidos pela pasta para discutir o caso. Representantes da Smams explicaram o processo para autorização do corte, incluindo a análise realizada por técnico habilitado da secretaria e laudo de supressão vegetal apresentado pelo responsável técnico do condomínio.
A secretaria recebeu parecer com as discordâncias apontadas pelo grupo que questiona a medida. A Smams informou que esse documento está com a equipe técnica do órgão para avaliação.
Na quarta-feira (28), o MP-RS convocou reunião para entender os procedimentos técnicos adotados no caso. O órgão solicitou que a área técnica analise os laudos apresentados. O síndico do condomínio informou que aguarda posicionamento do MP-RS antes de nova deliberação.