O corte de um guapuruvu motivou novos protestos de moradores do bairro Independência, neste domingo (25), em Porto Alegre. Ação coordenada por ativistas da causa ambiental e moradores da região impediu novamente a ação de funcionários de uma empresa contratada para o serviço.
Após a operação ter sido frustrada na tarde de sábado (24), os trabalhadores retornaram nesta manhã e foram novamente interpelados por moradores da região. O impasse foi resolvido pela Brigada Militar e o corte, novamente adiado.
Os manifestantes pedem mais tempo e uma nova avaliação técnica. Eles contestam o laudo apresentado pela empresa sobre as condições que permitiriam a ação de corte.
Para o professor de botânica e coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá), Paulo Brack, que acompanha os moradores, o documento apresentado “é precário” e a árvore apresenta “bom estado”.
— Consideramos que a árvore, 60% dela, está em condições de continuar. Queremos que a prefeitura dê mais tempo — afirma.
Brack assina um parecer elaborado pelo grupo que avalia as condições de saúde do guarapuruvu. A árvore tem 26 metros de altura e 1m30cm de diâmetro. Conforme o documento, o vegetal não apresenta sinais significativos de apodrecimento, apesar de uma cicatriz de um galho que caiu, o que poderia ter sido submetido a procedimentos de remoção de tecidos necrosados.
A queda do galho mencionado no parecer foi a motivação para o pedido de corte. A árvore está localizada em um canteiro de um condomínio na Rua 24 de Outubro. De acordo com laudo técnico realizado por uma bióloga contratada pelo condomínio, a queda do galho ocorreu em novembro de 2019, numa noite sem vento ou chuva, deixando uma lesão aberta que serviu de porta de entrada para microorganismos decompositores, que enfraquecerão a estrutura de sustentação da planta. Por risco em potencial, a necessidade de supressão foi atestada.
Em nota enviada à GZH, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade afirma que a autorização para a supressão do guapuruvu, assim como de qualquer outra árvore, apenas é concedida após análise técnica habilitada. A pasta também informa que há previsão do plantio de seis mudas nativas, sendo uma no local, para compensação do corte da árvore.
Confira a íntegra da nota
"A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) atenta que a autorização para a supressão do guapuruvu em questão (Autorização Especial para Remoção de Vegetal (AERV) N.º: 07.70/2020), assim como de qualquer outra árvore, apenas é concedida após análise técnica. Assim, conforme preconiza a Lei Complementar 757/2015, a análise para emissão da autorização é realizada por técnico habilitado da Smams e pelo laudo técnico de supressão vegetal apresentado pelo responsável técnico do requerente.
O processo permite que sejam avaliadas as condições estruturais do vegetal e os riscos que ele pode oferecer ao espaço em que está inserido e às pessoas que por ele circulam. Ou seja, são avaliadas questões que vão além do que se pode deduzir apenas pelo aspecto visual externo.
A compensação para a supressão da árvore foi calculada em seis mudas nativas. Uma delas será plantada no local e o restante será convertido em pagamento de Certificado de Compensação por Transferência de Serviços Ambientais (CCTSA).
Em relação às informações sobre condução inadequada do manejo por parte da empresa responsável, que estariam fora de conformidade com a autorização emitida, a Smams informa que irá deslocar técnico da equipe de fiscalização até o local. Caso sejam constatadas irregularidades no manejo, o requerente poderá ser autuado."