O corte de uma árvore guapuruvu de mais de meio século na Rua 24 de Outubro, no bairro Independência, em Porto Alegre, motivou um princípio de confusão na tarde deste sábado (24). Um grupo de moradores e de ativistas da causa ambiental protestaram contra a ação, exigiram a apresentação de um laudo e impediram a finalização do procedimento.
Junto com moradores da redondeza, o professor de botânica e coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá) Paulo Brack esteve no local para evitar a retirada. Segundo ele, inicialmente, a empresa contratada para fazer a poda não apresentou um laudo. O grupo, então, posicionou-se de forma a não deixar a ação ocorrer. A Brigada Militar chegou a ser chamada.
— A árvore fica dentro de um condomínio e um galho caiu sobre um veículo, quase atingindo uma pessoa. Mas isso não significa que a árvore inteira esteja comprometida —afirma Brack.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre (SMAMS) atenta que a autorização para a supressão do guapuruvu em questão, assim como de qualquer outra árvore, apenas é concedida após análise técnica. O processo permite que sejam avaliadas as condições estruturais do vegetal e os riscos que ele pode oferecer ao espaço em que está inserido e às pessoas que por ele circulam.
A empresa responsável pelo corte, apresentou o laudo no meio da tarde. Segundo o dono da empresa responsável pelo corte, Marcelo da Fonseca Lourenço, a autorização existe e o trabalho vem sendo feito em partes, há cerca de cinco finais de semana.
— Estamos tentando fazer um serviço de utilidade pública, pois um galho dessa árvore já caiu em cima de um carro e quase feriu uma pessoa, mas o pessoal não deixa. Inclusive, estão em área isolada, colocando a si mesmos em risco — afirmou Lourenço.
Como o grupo permaneceu no local até as 17h, a empresa contratada para o corte desistiu de seguir com a ação. De acordo com laudo técnico realizado por uma bióloga contratada pelo condomínio onde está a árvore, a queda do galho ocorreu em novembro de 2019, numa noite sem vento ou chuva. A queda do galho, segundo a especialista, deixou uma lesão aberta que serviu de porta de entrada para microorganismos decompositores, que enfraquecerão a estrutura de sustentação da madeira. Por risco em potencial, a recomendação da técnica foi pela supressão.
O guapuruvu tem 26 metros de altura e 1,30m de diâmetro. Segundo Brack, um conjunto de procedimentos não foram cumpridos para a realização do corte. Entre eles, a sinalização com placa de que haveria a remoção, o aviso à comunidade local que deve ser feito cinco dias antes do procedimento e a presença do técnico responsável pela execução. Na próxima segunda-feira (26), o Ingá encaminhará à Smam pedido de revisão da autorização realizada pelo órgão.