Um dia após desaparecer em um arroio de Alvorada, a família de Nicolas Ferreira Ribeiro, 10 anos, se mostra sem esperanças de encontrar o garoto com vida. O menino foi levado pela correnteza do valão que atravessa o bairro Umbu, por volta das 11h de domingo (6).
Segundo o irmão mais velho, de 11 anos, eles lavavam os pés, sujos de barro, quando o menino perdeu o equilíbrio e caiu na água. O pai dos dois, Rodrigo Almeida Ribeiro, 30 anos, acompanha a tentativa de resgate, realizada por uma equipe de mergulhadores da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS) dos bombeiros, unidade deslocada de Porto Alegre para auxiliar o batalhão do município da Região Metropolitana.
Reconfortado por parentes, o pedreiro diz ter deixado de acreditar na volta do filho ao cair da tarde passada.
— Até ontem eu ainda acreditava. Eles dizem pra ter esperança, mas eu só quero agora um corpo pra poder enterrar — afirma, desolado.
Três pontes são vasculhadas, com os profissionais em um bote inflável. O mato alto na encosta também é vistoriado pelos socorristas.
Nas ruas próximas ao córrego, os moradores repetem histórias semelhantes, de mais de um jovem que se perdeu no arroio. O local não tem cerca de proteção, com fácil acesso pelas laterais.
As ruas, em péssimo estado de conservação, são esburacadas e em grande parte sem asfalto. A travessia para veículos, estreita, não suporta mais de um automóvel ao mesmo tempo - enquanto a reportagem acompanhou, no local, ônibus foram vistos cruzando sobre a estrutura, o que obrigou os moradores a se apoiarem na cabeceira da ponte. Ao lado de uma placa de “proibido colocar lixo”, entulhos se acumulam.
O avô, João Miguel Ribeiro, 51 anos, também trabalhador da construção civil, pede reforço nas buscas pelo neto:
— Tem que mandar mais gente. E tem que dar mais condições aqui — reitera, em voz alta, indignado.
A Guarda Municipal e o 24º Batalhão da Brigada Militar prestam apoio à operação. O córrego onde o menino caiu deságua no rio Gravataí.