Apesar das múltiplas opções para agradar diferentes públicos, a atividade preferida de boa parte dos frequentadores do Santa Mônica, uma das baladas mais famosas da Rua Dom Pedro II, era o flerte. Assídua no local na década de 1990, a pedagoga Suzane Vitória, 41 anos, era das que usava a pista de dança apenas de passagem. Sua noite era no bar, onde a paquera rolava solta.
— Era um lugar que tocava mais as músicas que faziam sucesso, bem eclético. Eu sempre gostei mais de rock, então ia para paquerar — conta.
Sem interesse na trilha sonora, foi com segundas intenções que, em 1998, escolheu o local para o primeiro encontro com Alessandro Moreira, que havia conhecido através de uma amiga. O romance, que dura 22 anos, foi uma das histórias que chegaram a GZH após convite pelas redes sociais para que o público dividisse suas memórias com a reportagem.
— Já tinha um interesse mútuo, então combinamos de ir lá. No fim da noite, ele me pediu em namoro. Foi rápido, mas eu estava tão envolvida que achei romântico — diz.
Hoje mãe de duas adolescentes, Suzane acredita que o caráter aleatório das festas da época — que tocavam músicas de diferentes estilos — contribuía para trocas mais espontâneas entre pessoas de diferentes grupos.
— A gente não esperava muito, deixava acontecer. Hoje as pessoas já saem com o contatinho firmado. Não tem aquela casualidade, de conhecer alguém na noite. Perdeu um pouco da espontaneidade — avalia.
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No Publicitá, estreia de músico foi cancelada por interdição da prefeitura
O sucesso do Publicitá Café, que funcionou entre 1991 e 1997, era proporcional ao incômodo causado aos moradores do entorno quando André Serrano, 55 anos, marcou seu primeiro show solo no local, em 1994. Estava tudo pronto: equipamento no palco, som passado, colete engomado e chapéu na cabeça. Uma visita de representantes da prefeitura, porém, pôs fim à festa antes que ele pudesse subir ao palco.
— Nem era pelo bar a reclamação, mas pela fila de clientes que ficavam conversando do lado de fora. A fila era uma balbúrdia, ficava todo mundo alegre, um gritedo. Diz a lenda que tinha um coronel que se incomodava com o barulho. Simplesmente não teve o show — conta.
A apresentação só viria a ocorrer no ano seguinte, não sem antes provocar novas confusões. Dedicado ao blues, André optou por se apresentar com o próprio nome na empreitada solitária em vez de adotar uma alcunha artística. Mas seu sobrenome já era famoso em outro meio:
— A produtora me contou que alguém tinha ligado pro bar perguntando se teria música nativista. Nessa hora eu percebi que não conseguiria usar meu próprio nome sem evitar a relação com o grupo Os Serranos.
O mal entendido motivou a mudança de nome do artista, que passou a se apresentar, à época, como Andy Boy — hoje usa Andy Serrano.
— Como o meu show de estreia foi cancelado, acho que as pessoas nem sabem que me chamei assim — diz.