Nos próximos dias, em data ainda a ser definida, a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) pretende suspender, por pelo menos dois meses, 12 linhas de ônibus de Porto Alegre. O motivo seria a redução de 65% no número de passageiros/dia desde o início do distanciamento social, em função da pandemia de coronavírus.
Inicialmente, as linhas deixariam de circular nesta segunda-feira (25). Porém, segundo o engenheiro de transporte da ATP, Antônio Augusto Lovatto, a entidade estenderá o prazo para que os passageiros sejam informados sobre as mudança.
— O motivo para essa ação é a total impossibilidade de continuar operando devido à crise que as empresas enfrentam com a queda no número de passageiros. Estão sem recursos. Não se trata de não querer operar as linhas, e sim, não poder — respondeu Lovatto.
Conforme o engenheiro de transporte, dos 900 mil passageiros transportados diariamente antes da pandemia, apenas 250 mil seguem circulando na Capital. Lovatto salienta ainda que a diminuição repentina nos meses de março, abril e maio causará uma dívida acumulada de, pelo menos, R$ 40 milhões. As linhas escolhidas para serem suspensas neste momento, explica, foram definidas por terem outras da Carris atuando na mesma região, o que não comprometeria a situação de quem depende do transporte público nas regiões afetadas.
Na sexta-feira passada (22), o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, chegou a declarar na conta pessoal do Twitter que poderia pedir o apoio do Exército para dar continuidade às linhas. Para ele, a atitude das empresas seria um descumprimento de contrato.
Já a ATP respondeu dizendo que o descumprimento do contrato estaria partindo da prefeitura.
— No contrato diz que devemos levar até 80 passageiros por ônibus, e não 60% da capacidade, como está ocorrendo agora. O prefeito, estranhamente, está ameaçando com uma intervenção. É bom lembrar que a última intervenção ocorreu em 1989 e quem pagou a conta foi o contribuinte — declarou Lovatto.
Ele alega que, desde o início da pandemia, a entidade entregou 12 ofícios à prefeitura com dados indicando os prejuízos. O comunicado de suspensão foi encaminhado à diretoria da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) com 10 dias de antecedência, sendo notificado oficialmente em 18 de maio.
De acordo com a EPTC, em dias úteis, as linhas que deverão deixar de circular transportam mais de 15 mil passageiros, representando 6% da demanda atual do sistema. Com a suspensão, seriam 526 viagens a menos por dia durante a semana e 390 viagens a menos aos sábados.
Por meio da assessoria da EPTC, o órgão informou neste domingo que "a Prefeitura de Porto Alegre não autorizou a suspensão das 12 linhas solicitadas pela ATP, que vai manter a circulação normal das linhas. Os usuários do transporte coletivo podem consultar o horário dos ônibus através do app do Cartão TRI na função GPS ou através da tabela horária disponível no site da EPTC".
Confira as linhas afetadas
- 361 Cefer
- 255 Caldre Fião
- 718 Ilha da Pintada
- 705 2 Aeroporto/Ceasa
- B09 Aeroporto/Indústrias/Iguatemi
- 654 Educandário Petrópolis
- 473 Jardim Carvalho/Jardim do Salso
- 525 Rio Branco/Anita/Iguatemi
- 282 Cruzeiro do Sul
- 282 1 Pereira Passos
- 289 Rincão/Via Oscar Pereira
- 2843 B.Velho (S.Francisco)/Rincão/Betão até Azenha