O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, afirmou nesta sexta-feira (22) que poderá buscar o apoio do Exército, caso a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) decida manter a suspensão de 12 linhas do transporte coletivo da Capital a partir da segunda-feira (25). De acordo com a prefeitura, são itinerários das empresas Viva Sul, MOB, Mais e Via Leste que teriam sido afetados pela redução da demanda em função das medidas de distanciamento social instauradas para conter a transmissão de coronavírus na cidade.
Para o Executivo municipal, a atitude das empresas é um descumprimento de contrato, e a operação dos ônibus deve ser mantida. O prefeito destacou que o transporte público já passava por dificuldades com a sucessiva queda no número de passageiros e que desde janeiro há um projeto na Câmara Municipal para baratear a passagem. Marchezan reforçou sua contrariedade com a decisão das empresas.
"As empresas não podem tomar uma medida de forma unilateral. Vamos manter a posição de exigir a continuidade e, ao mesmo tempo, estamos preparando alternativas para uma possível interrupção do transporte, inclusive com apoio do Exército", escreveu o prefeito em uma rede social.
Associação aponta prejuízo de R$ 46 milhões
De acordo com a ATP, o comunicado de suspensão das linhas foi feito à diretoria da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) com 10 dias de antecedência, e notificado oficialmente na segunda-feira (18). A entidade informou que já entregou 12 ofícios para a prefeitura, deste o início da pandemia, mostrando com os próprios dados da EPTC que o prejuízo chegará no final de maio a R$ 46 milhões. No entanto, a associação afirmou que as 12 linhas devem operar ainda pelos próximos dias, em respeito aos passageiros, com o objetivo de avisá-los do dia da paralisação.
Confira as linhas afetadas
- 361 Cefer
- 255 Caldre Fião
- 718 Ilha da Pintada
- 705 2 Aeroporto/Ceasa
- B09 Aeroporto/Indústrias/Iguatemi
- 654 Educandário Petrópolis
- 473 Jardim Carvalho/Jardim do Salso
- 525 Rio Branco/Anita/Iguatemi
- 282 Cruzeiro do Sul
- 282 1 Pereira Passos
- 289 Rincão/Via Oscar Pereira
- 2843 B.Velho (S.Francisco)/Rincão/Betão até Azenha
Leia a íntegra da nota divulgada pela ATP
"Em primeiro lugar, temos que deixar claro uma questão, quem não está cumprindo o contrato, a um bom tempo é a Prefeitura e não a ATP. Este “ modelo” de transporte, que transporta passageiros no máximo 60% da capacidade do ônibus, com uma tarifa de R$ 4,70, não é o que consta no contrato. Já entregamos 12 ofícios para prefeitura, deste o início da pandemia, mostrando e provando com os próprios dados da EPTC que o prejuízo chega no final de maio à 46 milhões de reais. Até o momento não recebemos nenhum auxílio do governo municipal, mas surpreendentemente a carris recebeu 6 milhões de aporte financeiro no mês de maio. Em relação a suspensão das 12 linhas, foi avisado, conforme solicitado pela diretoria da EPTC com 10 dias de antecedência, e notificado oficialmente segunda feira passada. Porto Alegre, é a única capital Brasileira que não recebeu auxílio municipal para o transporte coletivo. Em relação a ameaça de intervenção, parece que a prefeitura esqueceu muito rápido, as consequências da intervenção de 1989, onde quem pagou a conta foi o contribuinte. Para finalizar, talvez tenhamos que operar estas 12 linhas por alguns dias, na próxima semana, em respeito aos passageiros, com o objetivo de avisa-los do dia da paralização."