Com uma situação considerada positiva frente a outras capitais brasileiras no enfrentamento ao coronavírus, Porto Alegre pode ter mais atividades econômicas sendo retomadas nos próximos dias. Em entrevista ao programa Bom Dia Rio Grande, da RBS TV, na manhã desta sexta-feira (15), o prefeito Nelson Marchezan deu sinal positivo à flexibilização.
Na quinta-feira (14), o governo do Estado definiu regras para a reabertura de shoppings e centros comerciais em cidades com bandeiras amarela ou laranja. A flexibilização é permitida desde que sejam adotadas regras, como uso de máscaras, controle de temperatura, proibição de provadores e priorização dos modelos de pegue e leve, telentrega ou drive-thru.
Questionado sobre o assunto, Marchezan disse que a reabertura vai depender dos próximos dias:
- Há alguma possibilidade para a semana que vem. Hoje fecha 10 dias (desde a reabertura de outras atividades), então, até o 15º dia, são dias de acompanhamento dos resultados, das aberturas que aconteceram, das atividades que movimentaram milhares de porto-alegrense no dia 5 desse mês. A gente demora para perceber o reflexo do vírus, entre 10 e 15 dias depois. O comércio movimenta um número x de pessoas, mas incentiva a movimentação de outras. Já a indústria e a construção civil não têm esse reflexo, por exemplo.
Por enquanto, decretos municipais determinam que apenas operações essenciais podem abrir nos shoppings de Porto Alegre, como supermercados, clínicas de saúde, postos bancários e farmácias. Com isso, o empreendimento fica aberto apenas para acesso a esses locais. Empresários, no entanto, aguardam uma maior flexibilização. Para o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glaucio Humai, qualquer avanço é importante. Informa que o setor gera 80 mil empregos na cadeia econômica, sendo 40 mil postos de trabalho diretos. A entidade tem tentado, ao menos, a autorização para instalação de drive-thru e a operação de delivery nos próprios centros de compras.
Marchezan afirmou que há expectativa de retomada de atividades na próxima semana, mas não adiantou quais são elas:
- A gente vai acompanhar o reflexo dos leitos (de UTI) no fim de semana, e deve ter medidas que devem iniciar no domingo, segunda ou terça, e a gente espera que sejam medidas que liberem mais atividades. Mas, se a gente tiver, nestes três ou quatro dias, um aumento muito rápido de ocupação de leitos, significa que a gente tem que segurar um pouco mais as atividades pelo contato que geram. Se tudo correr bem, a gente deve ter na segunda-feira, no máximo, a liberação de algumas atividades.
O único setor que tem a retomada descartada nos próximos dias é o do ensino. Conforme o prefeito, as atividades escolares movimentam cerca de 300 mil pessoas, que ficam aglomeradas em espaços pequenos durante muito tempo. Além disso, o setor causa reflexo no transporte público, que acaba tendo um grande número de pessoas próximas umas das outras.
Para Marchezan, o acompanhamento do número de casos é importante, mas não essencial para a retomada de atividades. Segundo ele, mais de 1,3 mil porto-alegrenses aguardam resultados de testes, e o número de casos confirmados deve aumentar no fim de semana.
- Conseguimos adquirir testes e estamos fazendo um volume acima da média brasileira de testagem. Todos os porto-alegrenses com sintomas serão encaminhados para testes. Porto Alegre vai ter um número de casos muito maior a partir desta semana pela sua capacidade e sua competência. Isso não vai significar que a cidade está pior. O que vai significar isso é a velocidade de leitos de UTI ocupados por coronavírus.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, Porto Alegre tem 574 casos confirmados até a manhã desta sexta-feira (15), com 21 mortes.