Um dos mais prestigiados recantos ambientais de Porto Alegre, o parque Moinhos de Vento – Parcão, para os íntimos – nem parece viver dias de pandemia. Lotou na manhã deste domingo (19). Entre as 10h e 11h já estava cheio.
Grupos de amigos passeavam lado a lado pelas calçadas estreitas. Jovens circulavam sem máscara de proteção. Corredores, idem, pingando suor. Seria tudo muito saudável, se todos esse comportamentos não fossem o oposto do que é recomendado pelas autoridades sanitárias, a começar pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O clima ameno e o sol a pino despertaram aquela vontade reprimida de sair e muitos porto-alegrenses não se acanharam. A maioria dos idosos observados pela reportagem, justiça seja feita, estava de máscara de proteção. Mesmo pessoas de meia idade, como o contador Roberto Pereira e a mulher, dele, a corretora de seguros Cláudia, faziam uso do recurso:
—A gente toma cuidado, mas não tem como ficar o tempo todo em casa. Saímos de máscara, claro. Pena que muita gente não está ligando para isso — salienta Cláudia.
Ela fala com o repórter e recomenda: “mantenha distância, por favor”.
Pereira, que caminha a cada dois dias para manter a forma, é pessimista. Acredita que serão dois anos de presença do coronavírus no Brasil, até que a maior parte da população adquira imunidade.
Mesmo sem máscara, algumas pessoas procuravam seguir as recomendações de especialistas e se isolavam no parque, longe de grupos. É o caso do servidor público Cladimir Nunes de Oliveira e de sua companheira, Luiza Simões Pires. Os dois foram para o Parcão com kit-chimarrão, cadeiras de praia e o cão Toti. Sentaram longe de todo mundo, ao sol.
— A gente tem de levar ele para passear um pouco e aproveita para curtir também. Mas nada de junção. Estou impressionado com as pessoas aglomeradas — comenta Oliveira.
Na Orla do Guaíba, o cenário é semelhante ao do Parcão: grupos de amigos caminhando lado a lado, em desrespeito à recomendação de manter um metro de distância um do outro.
Outros parques sem movimento
A situação em outros parques é de contraste, se comparado com o Parcão. A Redenção está irreconhecível, quase vazia. Algumas pessoas idosas e de meia idade estavam sentadas em bancos de praça. Os jovens, costumeira presença nessa área, sumiram.
O Brique não está sendo realizado, pela proibição de comércio ambulante nas vias. Isso faz com que a Rua José Bonifácio fique deserta, um contraste com domingos normais, quando é um dos pontos de maior aglomeração de pessoas em Porto Alegre. Chega a ser melancólico.
Situação semelhante ocorre na parte interna do Parque Marinha do Brasil, onde é possível ver alguns casais caminhando, um solitário esportista com uma bola numa cancha de basquete...e nenhuma multidão.
Em uma hora de circulação pelos parques, GaúchaZH não viu nenhuma pessoa de luvas.