Depois de depender, por dois anos, de ônibus entre Cachoeirinha e Porto Alegre — uma epopeia que me tirava quase três horas do dia —, hoje sou uma privilegiada: moro a meio quilômetro do trabalho. Praticamente excluí o transporte público da minha vida e fico variando entre Uber (preferencialmente o Juntos, mais barato) e 99. Testo sempre qual está mais barato.
Entre todos os modais de transporte regulados pela prefeitura, o BikePoa é o único que atualmente uso com frequência: tem estações que contemplam perfeitamente os locais que frequento, inclusive há uma na quadra da minha casa. Mas não quer dizer que não me tira a paciência. A noite da minha estreia no teste foi um exemplo disso.
Peguei uma bike ao lado da ZH às 21h8min e deixaria ela na Praça Garibaldi. Nesse percurso de 700 metros, a chuva que estava bem fraquinha aumentou, é claro, e quando cheguei na estação perto da minha casa, duas mulheres colocaram suas bikes nas últimas duas vagas livres. Tive de ir três quadras adiante — o que significa que também teria que caminhar quase meio quilômetro a mais na chuva para chegar em casa. E de noite.
A lotação foi o modal que menos usei. Mas o motivo não tem nada a ver com os apontados pelos permissionários para a queda vertiginosa no número de usuários: não foi por causa preço (R$ 6,60), quanto menos com a concorrência com o aplicativo, que estávamos proibidos de usar na semana de experiência.
O motivo era a dificuldade para descobrir os itinerários. O aplicativo deles, em fase de testes, tem apenas algumas linhas cadastradas, e mesmo assim não funciona. O Google Maps não mostra as linhas de lotação. Descobrimos no meio do teste que há apenas no Moovit parte das linhas cadastradas (mas não há garantia de que os horários estejam certos).
Peguei lotação uma vez só, mas em um trecho que seria igualmente rápido ir de ônibus, BikePoa ou mesmo a pé. Só para ter a experiência da lotação, voltei de uma pauta na Borges de Medeiros de lotação até o Grupo RBS, na Erico Verissimo. Peguei a Linha Jardim Itu na Ipiranga e nem deu pra desfrutar direito do conforto, uma vez que a viagem durou quatro minutos. Acredito que ninguém pagaria R$ 6,60 para andar um quilômetro no ar condicionado e poder parar onde quiser — até porque com transporte por aplicativo sairia até R$ 2 mais barato. No meio da manhã, tinha apenas uma outra pessoa comigo dentro do lotação.
No ônibus, tive experiências muito boas. Nunca tinha pesquisado como seria o trajeto até a casa de uma amiga no bairro Glória — é meio longe da minha casa, achei que seria uma trabalheira ir de ônibus. Para a minha surpresa, tem uma linha que passa a poucos metros da minha casa, na Cidade Baixa, e deixa a poucos metros do condomínio dela. O ônibus não atrasou e foi super-rápido. Paguei R$ 4,70 em um trajeto que cansei de pagar R$ 12 de transporte por aplicativo.
Para ir até Cachoeirinha, precisei pegar um T1 até o Terminal Triângulo. Foi o único ônibus que peguei com ar condicionado durante o teste, mas me deu um banho — o equipamento jorrou água na minha cabeça em uma curva. Vi o terminal reformado — ficou quase três anos destelhado. Mas senti falta de informações. Não há indicações de onde saem as linhas para a Região Metropolitana, por exemplo.
As experiências com táxi foram positivas, mas certamente sairia muito menos de casa se dependesse deles. Mesmo com o desconto no aplicativo, a tarifa, em bandeira 2, ficava em torno de 40% mais cara do que o estimado por aplicativos de transporte.