Desde que me mudei para Porto Alegre, há sete anos, morar perto do trabalho foi prioridade. Depois de seis anos como usuária do trensurb e do sistema de ônibus, onde despendia cerca de quatro horas diárias para me deslocar de São Leopoldo, no Vale do Sinos, até a Capital, o tempo parecia um bem valioso demais para ser sacrificado no trânsito. Hoje minha rotina é luxo para muitos: moro a cerca de um quilômetro da redação e tenho uma ciclovia na porta de casa.
Tenho minha própria bicicleta e, desde o ingresso dos apps de transporte, dei adeus ao táxi e praticamente abandonei as viagens de ônibus. Passar uma semana de volta ao sistema de transporte público me trouxe à tona lembranças de um tempo do qual não sinto saudade.
Embora tenha identificado muitas melhorias — como o aplicativo da prefeitura para o sistema de ônibus, que mostra a localização dos veículos em tempo real, e a qualificação do serviço de táxi —, constatei que, para deslocamentos de curtas e médias distâncias, o transporte público quase nunca é vantajoso em relação aos aplicativos — por vezes nem mesmo a uma caminhada. Não só pelo valor da tarifa de ônibus — nada competitiva quando comparada ao preço de uma viagem curta por aplicativo —, mas pelo desgaste de esperar por vezes mais do que o estimado por um veículo longe das condições ideais para cumprir apenas uma parte do trajeto.
O caso mais emblemático foi o dia em que tentei me deslocar de casa para o trabalho de ônibus. Atrasada, achei que seria a alternativa mais rápida ao sistema do BikePoa, no qual estava impedida de retirar bicicletas em razão de um problema técnico. A realidade é que nunca foi tão demorado ir da Cidade Baixa ao bairro Azenha: 46 minutos, entre a espera pelo ônibus indicado pelo app, que atrasou, a viagem (sem ar condicionado, como quase todas as feitas durante o teste) e as caminhadas. A pé teria levado 20 minutos. Por R$ 0,30 a mais, segundo a estimativa de um aplicativo de passageiros, teria sido buscada em casa e deixada na porta do trabalho em menos de 15 minutos.
O BikePoa, serviço do qual sou usuária eventual, também decepcionou. Nas quatro situações em que utilizei a bicicleta para ir ao trabalho tive o mesmo problema: a estação não identificou o fim da viagem. Em todas as vezes, entrei em contato com a assistência e me informaram que era um problema pontual e logo seria resolvido. Não só não foi, como em todas as vezes recebi um prazo de 24 horas para poder utilizar o sistema novamente.
O táxi foi uma surpresa positiva. Há tempo longe do sistema em razão de experiências ruins e, especialmente, do valor, percebi uma melhora significativa na qualidade dos veículos. Todas as viagens solicitadas pelo app do Sintáxi foram com carros limpos e bem cuidados, e os motoristas foram educados e simpáticos. O tempo de espera também ficou dentro do estimado, muito próximo do praticado por outras plataformas. O problema continua sendo o custo. Mesmo com o desconto de 30%, todas as viagens custaram cerca de 30% mais do que em apps como Uber e 99 Pop.