Quem foi ao segundo dia do Carnaval de rua de Porto Alegre, na Cidade Baixa, conseguiu sair do chão e divertir-se. Às 19h25min deste domingo (23), quando o Bloco do OP tocou Não Quero Dinheiro, de Tim Maia, milhares de pessoas começaram a pular com os braços para cima e cantar a plenos pulmões.
A folia, novamente restrita à Praça Garibaldi, movimentou o encontro das ruas José do Patrocínio, Venâncio Aires e Erico Verissimo. O trio elétrico, assim como no sábado (22), não se mexeu: ficou parado como uma espécie de show aos foliões.
O clima agradável, de cerca de 25°C, ajudou a atrair o público. Notava-se uma comedida organização do poder público nas grades para conter as pessoas, nas viaturas da Brigada Militar e na presença de agentes da EPTC. Vias adjacentes, incluindo trechos da Erico Verissimo, da Venâncio Aires e um pedaço da Getúlio Vargas, foram bloqueadas.
Quem comandou a festa primeiro foi o bloco Gonhas da Folia, às 16h30min. Em seguida, foi o Bloco do OP, às 19h. A festa estava prevista para terminar às 21h.
Em um lado da folia, próximo ao Ginásio Tesourinha, havia praticamente uma subfesta só para famílias e crianças. Com uma fantasia de Homem-Aranha, Rafael, quatro anos, sorria com o pai, o empresário vestido de Super-Homem Eduardo Warszak, 37 anos, e a mãe-Minnie, a arquiteta Priscilla Warzak, 37 anos.
— Está bem tranquilo de ficar com criança. Mas eu preferia quando o trio andava — disse Priscilla.
— O trio é interessante pela mística de ir atrás. Mas está organizado assim — comentou Eduardo.
Na Praça Garibaldi, próximo ao Restaurante Copacabana, a concentração era dos mais jovens — muitos com caixinhas de som e bebidas trazidas de casa. A arquiteta Maruzia Castilhos, 29 anos, sorria com maquiagem colorida ao rosto após comprar um copo de cerveja de um vendedor ambulante.
— Eu estou achando ótimo, o trio está dando conta. Estamos nos divertindo bastante: acabaram as cervejas do cooler e agora estamos compramos mais.
Cerca de 30 banheiros químicos estavam dispostos na Praça Garibaldi, mas o número não foi suficiente: as filas eram grandes e o público reclamava da demora.
Foliões, sobretudo os mais jovens, reclamavam da ação da Brigada Militar na noite anterior, que dispersou a multidão com gás lacrimogêneo às 23h30min, duas horas e meia após o encerramento oficial, combinado entre a polícia e os órgãos da Prefeitura.
— Gostamos muito do Carnaval, é importante para ocupar o espaço público da cidade. Mas há uma higienização. Ontem, foi um episódio muito grave —comentou o estudante de Direito Fernando Barbosa, 21 anos.
— A gente quer festejar e comemorar. Acho importante ocupar a Cidade Baixa, mas poderia ter, para além, outros espaços, como a Orla.
Com o fim da festa na Praça Garibaldi e a dispersão do público, quatro viaturas da Brigada Militar montaram guarda na esquina da Rua Lima e Silva com a Rua da República. A orientação dos agente era de que os foliões saíssem das ruas e permanecessem apenas nas calçadas. A vigilância foi reforçada com a presença do Pelotão de Operações Especiais (POE).