Durante a comemoração do Carnaval na noite de sábado (22) em Porto Alegre, a Brigada Militar (BM) usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que festejava na Cidade Baixa. O bairro foi local de concentração de desfiles de blocos que, de acordo com a prefeitura, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e a BM, estavam previstos para ocorrer na Praça Garibaldi até as 21h, atendendo recomendação do Ministério Público (MP).
Por volta das 23h30min, diante da quantidade de pessoas que permaneciam festejando no bairro, a BM, que tinha destacado a cavalaria e pelotões de choque para a ocasião, informou que foi preciso utilizar as bombas de gás lacrimogêneo.
Conforme o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Luciano Moritz, a BM recebeu 55 reclamações — feitas pelo telefone 190 — de moradores da Cidade Baixa na noite de sábado.
— O Carnaval estava previsto para ocorrer até as 21h na Praça Garibaldi, como de fato ocorreu. O problema é que ao fim do evento, grupos se deslocaram para as ruas da Cidade Baixa. No trajeto, houve diversas brigas. As ruas foram trancadas. Teve veículo oficial que ficou preso sem conseguir sair do bairro por causa da aglomeração de pessoas — justifica o comandante.
As forças táticas ficaram no bairro até as 6h de domingo (23). Conforme o tenente-coronel, frequentadores da Cidade Baixa também permaneceram por ali, bebendo nos bares e nas calçadas mesmo depois da ação, porém não houve mais brigas e nem interrupção de vias.
Frequentadores da Cidade Baixa informam, contudo, que houve truculência dos policiais e não havia necessidade de uma ação incisiva. Muitos trataram a situação como um "toque de recolher" forçado no bairro.
— Nossa ação foi justamente para evitar um problema maior. Não eram brigas de famílias. Eram brigas entre facções que encontram ali uma atmosfera para traficar. Houve a necessidade de dissolver esses pequenos grupos — complementou Moritz.
Na Cidade Baixa, agentes da Guarda Municipal atuam em conjunto com o 9º Batalhão de Brigada Militar. Em contato com a reportagem, frequentadores informaram que não tinham qualquer informação sobre uma hora de encerramento para os festejos. A BM informou que agiu de acordo com o que havia sido combinado em reuniões envolvendo EPTC e secretarias municipais de Serviços Urbanos, Saúde e Segurança, e que o uso de pelotões de choque e de bombas de gás lacrimogêneo foi necessário.