Em depoimento à Polícia Civil, o motorista de aplicativo que atropelou e matou Brenda Gabriele Vargas Carrales, 19 anos, confessou que estava em velocidade elevada no momento do acidente. A jovem estava acompanhada da mãe, atravessando a Avenida Aparício Borges, no bairro Glória, em Porto Alegre, quando ambas foram atingidas pelo veículo na noite de segunda-feira (13).
Segundo o delegado Luís Firmino, que responde pela Delegacia de Homicídios de Trânsito, o homem relatou que o Onix que conduzia estaria a uma velocidade aproximada de 80 km/h — o que já havia sido apontado preliminarmente pelos agentes devido ao fato de Brenda ter sido arremessada a uma distância de 39 metros com a força do impacto.
O motorista se apresentou à Polícia Civil no final da tarde de terça-feira (14) — o nome e a idade dele não estão sendo divulgados devido à Lei de Abuso de Autoridade. De acordo com o delegado, o condutor afirmou que havia saído de casa, na zona sul da Capital, para buscar a esposa no trabalho, na Zona Norte.
— Ele disse que estava indo rápido, não parou porque se assustou e viu apenas uma das vítimas. Quando viu, estava em cima e ainda tentou tirar para a direita, mas não deu e fugiu porque se assustou — disse Firmino.
Ainda conforme o depoimento, o motorista alegou que continuou a fuga por estar sendo perseguido por um motociclista que presenciou o acidente. Ele afirmou também que não abandonou o carro e que deixou o Onix na frente da casa de um amigo — o veículo foi apreendido pela polícia no bairro Partenon, ainda na terça.
O homem também declarou, no depoimento, que pediu ajuda a um amigo. Depois, ao ligar para uma irmã, soube que a vítima do atropelamento havia morrido.
No dia seguinte ao acidente, ele afirma ter procurado uma advogada e resolveu se apresentar à polícia. Ainda conforme o depoimento, salientou que não se apresentou no período da manhã porque a defensora tinha compromissos neste turno. Os dois foram ao Palácio da Polícia por volta das 17h.
De acordo com o delegado Carlo Butarelli, diretor da Divisão de Trânsito da Polícia Civil, o condutor — que não tem antecedentes criminais e envolvimento com acidentes graves — vai responder em liberdade por homicídio culposo, sem intenção de matar. Se condenado, pode pegar de dois a quatro anos de prisão, podendo ser a pena aumentada em função da fuga e omissão de socorro, além de ter a possibilidade da habilitação suspensa.
A polícia aguarda laudo pericial e pela liberação médica para ouvir a mãe de Brenda, Cátia Silene Vargas Moreira, 42 anos, que teve as duas pernas fraturadas e foi atendida, inicialmente, no Hospital de Pronto Socorro. Além disso, as imagens de câmeras de segurança serão anexadas ao inquérito.
A jovem foi sepultada às 11h desta quarta-feira (15) no cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.