Depois de uma primeira tentativa de venda sem ofertas, a área onde funcionaram as antigas empresas Tecidos Guahyba e Cettraliq, na zona norte de Porto Alegre, foi arrematada na quinta-feira (5) por um valor de R$ 6,9 milhões — correspondente a 57% da avaliação inicial de R$ 12 milhões.
Para ser formalizada, a venda precisa ser homologada pela Justiça por se tratar da massa falida de um grupo de empresas reunidas sob o nome de Villa D'Este. A decisão deverá ser tomada nas próximas semanas.
Em dezembro do ano passado, quando houve a primeira tentativa de leiloar o terreno de 32 mil metros quadrados no bairro Navegantes, a estimativa anterior de R$ 16,9 milhões espantou possíveis interessados e não houve oferta. A lei de falências diz que o negócio pode ser realizado se for oferecido, pelo menos, um valor equivalente a 50% da avaliação. Por isso, o leilão encaminhou a venda do espaço onde já trabalharam 3,5 mil funcionários da tecelagem que já esteve entre as mais importantes do país.
— Também foram arrematados, por R$ 285 mil, os equipamentos da Cettraliq e um veículo por cerca de R$ 3,4 mil — afirma o leiloeiro Giancarlo Peterlongo.
A Cettraliq, uma central de tratamento de resíduos, fechou as portas em 2016 após ser vinculada a alterações no cheiro e no gosto da água captada no Guaíba.
Segundo Peterlongo, o responsável pela aquisição é um investidor do interior do Estado que pediu para, por enquanto, não ter sua identidade divulgada. Ele teria comentado que ainda não tem um projeto definido para o terreno localizado ao lado do DC Shopping.
Administrador judicial da massa falida, Montalbani Costa da Motta afirma que, se a venda for confirmada pela Justiça após vista do Ministério Público, boa parte do valor arrecadado deve ser destinada a pagar dívidas trabalhistas para cerca de 400 ex-funcionários. Ele acredita que o valor oferecido tenha ficado abaixo da avaliação oficial pelo contexto econômico do país e pelo receio de que o solo contenha algum contaminante decorrente das atividades da Cettraliq.
— Duas grandes empresas demonstraram interesse, mas ficaram com receio de que houvesse algum passivo ambiental — sustenta Motta.
Representantes de uma empresa uruguaia chamada Gelmar Trading haviam entrado com uma ação reivindicando a posse do terreno e questionando o valor de avaliação do imóvel. A Justiça manteve o leilão e negou o reconhecimento da propriedade por parte da Gelmar — que apresentou recurso a ser julgado.