Desde 21 de novembro, usuários do Hospital da Restinga e Extremo Sul que utilizam o estacionamento da instituição de saúde precisam pagar pelo uso do espaço. O valor cobrado é de R$ 12 por quatro horas e mais R$ 2 por hora adicional. Quem permanecer por até 15 minutos é isento. A novidade repercutiu entre moradores da região e nas redes sociais. O aposentado Gilson Castro, 69 anos, do bairro Moradas da Hípica, por exemplo, se diz a favor da cobrança.
— Tem gente que abusa, larga o carro aqui e vai fazer outras coisas fora do hospital. Se for para ficar aqui pouco tempo, prefiro pagar — opina.
No dia em que a reportagem visitou o local, carros se aglomeravam do lado de fora do pátio da instituição, em cima da calçada e debaixo das árvores. Enquanto isso, do lado de dentro do hospital, vagas sobravam. Parados na calçada bem em frente ao hospital, os aposentados Luis Carlos Engracia, 63 anos, que veio do bairro Agronomia, e João da Silva, 65 anos, da Restinga, vigiavam os veículos, enquanto parentes buscavam atendimento.
— Sou contra pagar, pois é muito caro. Trouxe o meu genro para o posto (a Clínica de Saúde da Família que fica no mesmo terreno do hospital) e o portão está fechado. Antes, a gente entrava por lá de carro e saía por aqui no hospital. Agora, não pode — argumentou João.
— Se fosse um hospital particular, tudo certo. Mas aqui vive uma população pobre, acho errado. Minha esposa está fazendo um raio X e vai ficar no mínimo quatro horas lá dentro. Estou fora para cuidar, não que isso vai evitar alguma coisa, mas acho melhor — completa Luis Carlos.
Surpresa
O operador de retroescavadeira Everton Luiz Martins, 52 anos, e Mara Pereira Figueiró, 49 anos, aguardavam o filho, que havia sofrido um acidente de motocicleta horas antes. Sem saber da aplicação da taxa, deixaram o carro na rua.
— Vim correndo para cá e nem dinheiro peguei, pois não sabia. Para quem pode pagar, é uma coisa, mas, para quem for deixar o carro na rua, não vai dar coisa boa — divagou.
— Se fosse uma taxinha, tudo bem, mas o problema é que as consultas demoram. Vai ter muita gente pagando pelo adicional de hora — opinou o pedreiro Luciano Pereira, 44 anos.
Mau uso do espaço levou à implantação
O Hospital da Restinga foi inaugurado há cinco anos e nunca cobrou pelo estacionamento. Há um ano quem gere a casa de saúde é a Associação Hospitalar Vila Nova. Segundo o diretor-geral do hospital, Paulo Scolari, a medida foi adotada visando a segurança dos frequentadores.
— Virou um estacionamento de terceiros. Muita gente deixando os carros para depois ir ao trabalho ou ao Centro. Até caminhões já foram estacionados durante a madrugada. Não temos registros de furtos dentro do pátio, mas vimos pessoas transferindo produtos de um veículo para outro — disse.
O serviço é terceirizado e executado pela empresa RA Park. Parte da tarifa, 30% do valor arrecadado mensalmente, será utilizada para o custeio do hospital.
— Éramos o único hospital de Porto Alegre que ainda não cobrava estacionamento. Estamos dando mais segurança para quem está dentro buscando atendimento — completou Scolari.