O terceiro sócio de uma clínica geriátrica clandestina, fechada em outubro, na zona sul de Porto Alegre, foi preso pela polícia na manhã desta quarta-feira (20). O homem, que não teve o nome divulgado, foi encontrado em casa, no bairro Restinga.
A clínica Vovô Tatinho, antiga Vovozona, localizada na Rua Engenheiro Porto, em Ipanema, foi alvo de operação da Polícia Civil em 9 de outubro. No local, ocorreram duas mortes suspeitas em menos de 72 horas. Os óbitos dos idosos foram registrados inicialmente como consequência de causas naturais, mas o resultado da perícia é aguardado — a polícia quer saber se há relação com as condições em que a clínica se encontrava.
— Encontramos pessoas desnutridas, amarradas, com péssima alimentação. A sujeira, eu não consigo nem descrever. Havia cheiro de urina muito forte também, idosos dormindo em cima da urina e em roupas de cama sujas. Por estes e outros motivos, a clínica foi fechada — relata a delegada Cristiane Ramos, titular da Delegacia do Idoso, sobre o dia em que a operação fechou o local.
Além das más condições de higiene, idosos eram frequentemente deixados sozinhos no local, e pacientes psiquiátricos eram mantidos junto a outros. No dia em que a clínica clandestina foi fechada, 18 idosos foram retirados do local — devido à desnutrição, a maioria teve que ser encaminhada para hospitais.
Segundo a delegada Cristiane, as três pessoas envolvidas no esquema formavam uma espécie de "triângulo amoroso". O homem preso nesta quarta-feira e uma mulher detida há cerca de duas semanas atuavam nesta área há oito anos, sempre mudando as clínicas irregulares de endereço — foram quatro mudanças somente no último ano.
Em fevereiro, a mulher iniciou um relacionamento com outro homem, que foi preso em flagrante no dia da operação da polícia. Os três mantinham negócios — eles haviam transferido para a Vovô Tatinho os idosos de outro estabelecimento, também no bairro Ipanema, após uma abordagem da Brigada Militar.
A Polícia Civil não divulga os nomes dos envolvidos. Os três estão presos preventivamente e foram indiciados por cárcere privado, maus tratos e abandono de incapaz. Agora, a polícia tenta confirmar se eles também fizeram empréstimos em nome de idosos atendidos.