Enfim, a buraqueira de longa data da Avenida Bernardino Silveira Pastoriza, na zona norte de Porto Alegre, foi coberta. Uma pena que a camuflagem dos buracos tenha sido feita por água de esgoto, e não, por asfalto. A má situação das redes pluviais da região mantém o local tomado por água há pelo menos dois meses, garantem moradores. Nesta terça-feira (5), vizinhos da região realizaram um protesto e fizeram barricadas, para pedir soluções para o local.
A situação tem tornado ainda mais arriscado dirigir pela avenida do bairro Rubem Berta. A via é um importante caminho de ligação entre Porto Alegre e Alvorada, tendo trânsito intenso durante boa parte do dia. Quando acessam o trecho, os condutores precisam reduzir a velocidade, já que os buracos submersos não são visíveis. Assim, congestionamentos se formam com frequência.
O nível elevado do esgoto também inutilizou paradas de ônibus do trecho. Se o passageiro se arriscar nos pontos, há o risco de tomar um banho nada agradável caso algum motorista passe mais rápido pela região. Por fim, o cheiro característico de uma fossa já virou parte da rotina dos moradores.
Entre os mais afetados pelo problema estão os motociclistas. Dos que se arriscam na água, a chance é se molhar ou cair num buraco. Por isso, a calçada se transformou numa via informal – mas, aí, o risco é atingir algum pedestre.
Proprietário de um estacionamento na região, Jeremias Corrêa relata que colisões entre motos e carros também já aconteceram.
— A culpa não é dos motociclistas, é da prefeitura, que deixou chegar a esse ponto a situação. Não tem como se arriscar nessa água, são muitos buracos aí por baixo — pontua Jeremias.
Para os que tentam não passar pela calçada e esperar um momento de menos trânsito para cruzar o alagamento, é necessário paciência. O auxiliar aeroportuário Leonardo Luiz, 20 anos, esperou por mais de 10 minutos na margem do “rio” de esgoto. Sem chance de tentar a travessia, resolveu ir por outro caminho.
— O ruim é que, se for por outra região, acrescento uns 15 minutos a mais na viagem. Isso aqui já virou uma piada, não sei o que falta para resolverem — critica o morador da região.
Solução própria
Dono de uma loja de acessórios automotivos, Arnaldo Roxo, 59 anos, relata que a última passagem da prefeitura pela região foi em junho. A data está marcada nas tampas de bueiros que foram trocadas na época.
— As equipes chegaram com máquinas e caminhões. Achei que ia resolver, mas só tiraram terra da entrada dos bueiros, não adiantou nada — recorda Arnaldo.
No caso de uma madeireira no lado mais baixo da pista, a solução foi abrir caminho para o esgoto. Jeferson Silveira, 40 anos, é gerente do estabelecimento e conta que a medida foi a única maneira de evitar que a água invadisse mais os galpões de trabalho. Uma pequena vala aberta ao longo do terreno da madeireira conduz o líquido fétido até fossas nos fundos do terreno:
— Ainda bem que temos como fazer isso. Imagina se a água não tivesse nenhum local para sair. O ruim é que temos de lidar com esse cheiro o tempo todo.
Sem previsão para obras no local
A incômoda situação a qual estão sujeitos moradores e quem circula pela região da Bernardino Silveira Pastoriza ainda não tem data para acabar. Ao menos, é o que diz a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim). Conforme a pasta, “a execução da requalificação estrutural de pavimentos da via está prevista no lote 3 do programa de Requalificação Viária 2019/2020”. Em nota, a secretaria detalhou os trabalhos a serem executados na região. Além da reforma do pavimento, as redes pluviais da avenida passarão por diversas adaptações.
O problema de alagamento constante da área é justificado pela Smim como consequência do crescimento populacional daquela região da Zona Norte, entre outras questões. Com isso, conforme nota da pasta, as tubulações tornaram-se insuficientes para as redes do local.
Entretanto, não há previsão sequer de os trabalhos serem iniciados. Isso porque, atualmente, a prefeitura ainda busca recursos para a execução dessas obras.