A chuva forte que atingiu Porto Alegre entre a noite de quarta (30) e a madrugada desta quinta-feira (31) provocou estragos e alagamentos em diversos pontos da cidade, principalmente no Lami, no extremo sul. Por todo o bairro, ruas ficaram alagadas, e a água invadiu casas e terrenos.
Desde a noite, a Defesa Civil municipal recebeu 65 chamados sobre danos em imóveis em função do granizo. Cerca de 400 metros de lonas foram distribuídos a 85 famílias.
— A Defesa Civil está acompanhando todas as ocorrências e prestando auxílio a todos os moradores afetados pelos temporais — afirmou Cesar Franke, chefe de operações do órgão.
No pátio da casa de Michele Bica, 30 anos, a água tomou conta de toda a extensão. A residência fica na Rua Nossa Senhora das Graças, onde veículos não conseguem passar, em um cenário semelhante a uma lagoa.
— Se chover mais um pouco, vai invadir a porta — estimava.
O impacto da chuva na zona sul da Capital é sentido desde a Avenida Oscar Pereira, no bairro Cascata, onde parte de um barranco desmoronou, arremessando pedras sobre a via, próximo à esquina com a Avenida Herval. Água acumulada, terra sobre o asfalto, buracos e pequenos galhos são vistos por toda extensão da faixa.
Na Estrada Costa Gama, no bairro Aberta dos Morros, cercas de madeira caíram sobre o acostamento. Já na Restinga, há pontos alagados por toda área urbana.
Na manhã desta quinta, pelo menos quatro ruas da cidade estavam bloqueadas devido à queda de árvores. Na região central, uma árvore caiu sobre fios de energia na Rua Olavo Bilac, entre as ruas General Lima e Silva e José do Patrocínio, causando isolamento da área.
Solidariedade para ajudar os vizinhos
Ao abrir a janela de casa e se deparar com o rio em que sua rua se transformou, o servidor municipal Luís Carlos Vieira, 51 anos, ligou para o chefe e avisou: iria se atrasar para poder ajudar os vizinhos que estavam "ilhados". Solidário, o trabalhador usou a caminhonete caçamba para levar outros moradores até a parada do ônibus, na avenida principal do Lami.
— Eu moro há 18 anos aqui e sempre alaga tudo perto do arroio. Já tava me molhando e ele me deu carona — contou a aposentada Carmem Santos, 63 anos, que tinha horário marcado no Foro Central, no Centro.
Após resgatar ribeirinhos da Travessa Esperança, Vieira seguiu por outras vias alagadas para levar alunos à escola.
— O que estiver a meu alcance, vou ajudar. Elas não têm como ir, eu preciso fazer isso. Ainda preciso levar a minha esposa e não posso perder o horário — disse.
Responsável por um banheiro público, Vieira se mostra preocupado com as obrigações de sua função habitual.
— Se a chefia autorizar eu vou continuar ajudando, com gosto.