Sem qualquer palmo de calçamento visível, a escola comunitária Nossa Senhora das Graças, no bairro Lami, em Porto Alegre, amanheceu isolada e continuará vazia nesta quinta-feira (31). As aulas foram suspensas devido ao alagamento da Rua 8, único acesso à escolinha, deixando 110 crianças da região desassistidas.
— Minha filha de quatro anos vai ficar com uma vizinha, porque eu preciso trabalhar — conta a diarista Alessandra Moreira, 30 anos, do lado de fora de casa, inundada após a forte chuva que atingiu a Capital entre a noite e a madrugada.
No início da manhã, alguns pais chegaram a procurar a instituição, mas foram dispensados pelos funcionários. De botas e mangas arregaçadas, o gestor da escolinha, Edson Luiz Zanella, ajudava a espalhar tábuas para circular pelo pátio, completamente inundado. Cadeiras foram postadas sobre as mesas, e tijolos eram usados para proteger geladeiras e balcões.
— Por baixo a água não entrou, mas pela janela passou um pouco. E, se chover de novo ou voltar a subir, aí passa — estima, ao lado da porta, onde a água não chegou por poucos centímetros.
As crianças atendidas têm de zero a seis anos. Zanella afirma que não haverá atendimento nesta quinta também devido ao receio de possíveis contaminações.
— Como corre esgoto do terreno ao lado, tem que ter esse cuidado, e só trazer eles (os alunos) de volta quando recuar.
A líder comunitária da região, Marília Nunes Alvim, 54 anos, reclama de abandono da prefeitura:
— O Lami existe, mas somos esquecidos. Só somos lembrados no verão — diz.