Os taxistas de Porto Alegre terão direito de utilizar as faixas azuis de ruas e avenidas, até então exclusivas ao transporte coletivo, em qualquer horário. A medida foi anunciada pelo prefeito Nelson Marchezan e vai entrar em operação a partir da próxima segunda-feira (28).
Conforme a prefeitura de Porto Alegre, os motoristas de táxi poderão usar a área com ou sem passageiros. Segundo Marchezan, a medida terá caráter temporário, como forma de teste.
"A redução nos tempos de viagem possibilita a atração de novos passageiros, menos consumo de combustível e emissão de poluentes dos veículos", citou o prefeito nas redes sociais.
A prefeitura também informou que a ação poderá valorizar o serviço de táxis, que perdeu espaço nos últimos anos na Capital.
A cidade perdeu cerca de 37% dos taxistas nos últimos cinco anos. Em 2014, aproximadamente de 10 mil motoristas tinham o chamado carteirão para conduzir táxis. Atualmente, são pouco mais de 6,3 mil cadastrados.
Porto Alegre tem faixas exclusivas para ônibus e lotações na Cristóvão Colombo, Júlio de Castilhos, Independência, Voluntários da Pátria, Cavalhada, Nonoai, Brasil, Bento Gonçalves, Assis Brasil, Icaraí, Ipiranga, Rodoviária (Rua da Conceição), Independência e Mostardeiro.
O diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), Gustavo Simionovschi, teme pela decisão da prefeitura de Porto Alegre. A entidade pretende fazer um apelo à gestão para reconsiderar a decisão que "deixa de favorecer o transporte coletivo". O diretor argumenta que, além de atrapalhar o fluxo e a agilidade, a entrada e saída dos táxis na faixa pode causar acidentes.
– O risco aumenta. O ônibus, pelo seu tamanho, é um veículo muito mais difícil de parar. A faixa permite que o coletivo se desloque em maior velocidade e a entrada inesperada de um táxi pode causar um grave acidente. Temo pelo motorista do ônibus, do táxi e pelos passageiros – relata Simionovschi.
Já o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintaxi), Luiz Nozari, acha o argumento da ATP frágil. Segundo ele, a categoria está aberta a avaliar o uso da faixa durante os três meses de teste, e chegar a uma posição sobre o que é melhor para a comunidade ao fim do período. Nozari acredita, no entanto, que o uso não deve aumentar, mas, sim, diminuir os acidentes.
– Hoje os ônibus trafegam em faixas com carros atrás e na frente, e esses motoristas não são profissionais. Os táxis são conduzidos por pessoas que trabalham com isso e têm experiência, sabem o momento certo de entrar na faixa, por exemplo – argumenta.