— Impactada — disse uma.
— Primeiro mundo — completou a outra, enquanto o elevador subia para o oitavo andar.
Essas foram apenas algumas das reações dos cerca de 30 visitantes convidados para conhecer os novos blocos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) na manhã deste sábado (26). A iniciativa, contou a diretora-presidente da instituição, Nadine Clausell, serviu para acolher moradores, comerciantes e entidades que foram afetados de algum modo pelos cinco anos de obras.
— Foi uma maneira de mostrar a obra acabada, de ter um senso de realização e envolver a comunidade nesse processo. Vieram várias ideias, as pessoas se sentiram acolhidas. É exatamente esse o espírito, além de também renovar as energias para a próxima fase — comemorou.
Aproveitando o sábado ensolarado, a visita começou pela parte externa, com uma explicação sobre a retirada de árvores e reposição delas em outros pontos. Em seguida, o grupo foi levado para conhecer o bloco C, que vai abrigar ambulatórios, hospital-dia e hemodiálise. Bastante ampla, a nova estrutura promete oferecer mais conforto para os pacientes, que muitas vezes vêm de outras partes do Estado para consultas.
Na sequência, o grupo conferiu detalhes do bloco B, que receberá a nova emergência e salas cirúrgicas. O espaço destinado à urgências é três vezes maior do que a atual, passando de 1,7 mil m² para 5,1 mil m². O bloco cirúrgico, que hoje conta com 28 salas, passa a ter 41. Os leitos de CTI vão somar 110, ante os 54 atuais.
Moradores são só elogios
Com mais de 4,5 mil registros fotográficos do período de construção, o aposentado Valmir Canabarro Amorim, morador da Rua Ramiro Barcelos, aproveitou a manhã para conhecer a parte interna do local que viu crescer diante dos olhos nos últimos cinco anos. Carregando sua câmera pendurada no pescoço, ele não perdeu nenhum detalhe da visita guiada.
— Estou orgulhoso, pois vamos ter um lugar de primeiro mundo para os gaúchos — vibrou.
Para coroar o momento de celebração junto à comunidade, a visita terminou no oitavo andar do prédio, no terraço, que abrigará um restaurante. Foi de lá, que Nadine agradeceu, novamente, a todos que abraçaram a obra, mesmo que ela tenha causado transtornos temporários ao bairro, como barulho e trânsito de caminhões.
Emocionada, Rosa Pacheco refutou a ideia de que a construção tenha gerado transtornos. Ela é proprietária de uma academia nas proximidades e comemorou a entrega dos prédios.
— Vi isso como um progresso. Ver tudo pronto me emociona.
Outro comerciante da região também exaltou a obra.
— A gente vive um momento de muita polarização. Todo dia tem gente falando mal de alguma instituição, de um hospital. Para falar bem não têm muitos. Mas isso aqui prova de quem apesar de toda a maré contrária, é possível — defendeu Antônio Harb, que tem uma confeitaria na área.
Mudança com "móveis antigos"
A previsão de abertura é no decorrer de 2020, quando, gradualmente, os equipamentos do prédio antigo devem ser levados para os novos. O processo, comparou Nadine, é como de uma mudança "para um apartamento novo".
— Vamos nos mudar com as coisas que a gente tem. Como quando o apartamento novo está pronto e a gente traz os móveis antigos para depois comprar os novos.
Estima-se que a emergência seja a primeira a abrir as portas para a população, ainda no começo do próximo ano. Como as novas construções são mais amplas (leia abaixo), ainda haverá a necessidade de aquisição de toda a aparelhagem. Segundo estimativa, será preciso, ao menos, R$ 100 milhões em investimentos em equipamentos de alta complexidade. A diretora-presidente se comprometeu a buscar essa verba, assim como contratar mais pessoal, junto às autoridades. A conclusão de transferência total deve durar entre três e quatro anos, estima a diretora-presidente.
Os números
- Emergência: passa de 1,7 mil m² para 5,1 mil m²
- Endoscopia: de cinco, passa para 10 leitos
- Bloco cirúrgico: passa de 28 para 41 salas
- Hemodiálise: passa de 19 poltronas para 34 leitos adultos e mais dois pediátricos
- CTI: de 54 leitos passa a 110
- Heliponto: um dos prédio tem espaço para pouso de helicópteros, o que agiliza o transporte, especialmente em casos de transplantes de órgãos.