O urologista gaúcho André Berger realizou, na segunda-feira (23), a primeira cirurgia robótica para câncer de bexiga do sul do Brasil. Feito em uma mulher, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o procedimento foi repetido na quarta-feira (25) no Hospital Moinhos de Vento, desta vez em um homem.
Conforme o médico, especialista em cirurgia robótica urológica, esse tipo de tumor é um dos mais letais do trato urinário. Quando afeta as camadas mais profundas do órgão, é necessário retirar toda a bexiga.
— É uma cirurgia extensa. Depois que retiramos a bexiga, é preciso reconstruí-la. A vantagem da robótica intracorpórea é que o sangramento é menor, a taxa de transfusão de sangue também, os cortes não são tão grandes e a recuperação é bem mais rápida — enumera o médico, que também é professor na University of Southern California, nos Estados Unidos.
Com duração variável entre três horas e meia e seis horas, a cirurgia robótica conta com uma equipe de três cirurgiões, além de anestesista, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Além de trazer a técnica para centros de referência no Estado, Berger foi o primeiro brasileiro do mundo a realizar este procedimento.
— Vale destacar que esta iniciativa serve para oferecer à população centros de referência em que a gente consegue oferecer todos os tratamentos para este tipo de câncer e, fora isso, acaba trazendo uma nova tecnologia — avalia.
A cirurgia está sendo oferecida para pacientes de convênio e privados. No HCPA, o procedimento robótico é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em número limitado, por meio de verba do Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (Fipe).
O câncer de bexiga
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) apontam que o Rio Grande do Sul tem uma taxa de 8,43 casos de câncer de bexiga para cada 100 mil homens e de 3,52 para cada 100 mil mulheres.
Embora não tão prevalente, quando atinge a musculatura mais profunda da bexiga, o tumor é bastante grave, exigindo a retirada completa da bexiga e também dos órgãos do sistema reprodutor, como útero, ovários e próstata. Como esse procedimento é complexo, muitos pacientes são encaminhados para outros tratamentos, porém não tão eficazes quanto a retirada cirúrgica da bexiga.