A ruptura do prefeito Nelson Marchezan (PSDB) com o PP do vice, Gustavo Paim, é reflexo de um acúmulo de desentendimentos, conforme o chefe do Executivo — a maioria envolvendo a bancada progressista na Câmara Municipal.
— Temos uma relação bastante difícil com a bancada como um todo. Dificilmente, chegávamos no plenário sabendo quantos votos teríamos, era sempre uma surpresa em cada votação — disse Marchezan ao Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (6), um dia depois de ter determinado a demissão de todos os cargos em comissão ligados ao PP.
O prefeito cita como exemplos uma suposta má-vontade com os projetos do Executivo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — comandada por Ricardo Gomes, líder da bancada progressista e seu ex-secretário de Desenvolvimento Econômico —, as assinaturas dos vereadores progressistas a um requerimento de CPI proposto por Roberto Robaina (PSOL) e aprovado e o pedido de impeachment protocolado por um membro do partido do vice.
O mais emblemático, no entanto, é o processo que poderia ter culminado em uma nova votação do projeto aprovado que revisa o IPTU — possibilidade barrada pela Justiça. À época, a presidente da Câmara, Mônica Leal (PP), foi criticada pelo líder do governo, Mauro Pinheiro (Rede), por fazer "manobras para postergar a decisão".
— O que a bancada do PP organizou para a gente ficar quatro meses com um projeto aprovado pela maioria dos vereadores trancado na Casa não pareceu legítimo — acrescentou o prefeito.
Para fechar a lista de incômodos de Marchezan, Mônica encaminhou um dossiê com denúncias feitas contra o prefeito ao Ministério Público.
—Acho que na CPI vou dizer por que alguns progressistas não entraram, embora tenham tentado, no governo municipal. Vou explicar o motivo de terem sido negados. Talvez isso tenha deixado uma parte do PP de Porto Alegre muito agressiva ou louca para fazer esses movimentos mais políticos do que efetivamente de interesse público — finalizou.