Esta é uma história de empatia. Começou a ser escrita há uma semana, em Porto Alegre, e teve o final feliz no sábado (4), em Viamão. Comovido com o atropelamento de um cachorro no bairro Moinhos de Vento, na Capital, o ator João Ignácio Montano Coelho, 23 anos, mobilizou-se para amenizar a dor da dona, Nathália do Nascimento Scur, 18 anos — que não conhecia até a última quarta (31).
Foi quando o linguiça de um ano e meio chamado Bock passou correndo por João Ignácio na Rua Padre Chagas, no Moinhos. O cãozinho foi até a 24 de Outubro em disparada, com a dona correndo atrás. Alertado pelos gritos desesperados de Nathália, João Ignácio se abaixou para apanhá-lo, mas foi driblado pelo cachorro em fuga.
Foi tudo muito rápido, lembra João Ignácio. Quando ele viu, havia um tumulto no meio da rua. Com a amiga Kaluana Lima, 23 anos, foi até a multidão e encontrou Nathália com o animal no colo, já sem se mexer. Acompanharam ela numa clínica veterinária perto, mas já não tinha o que fazer. Os dois amigos se voluntariaram para levar até em casa a família, que chegara a pedido de Nathália logo depois. Abraçaram eles e disseram que "tudo ficaria bem".
Mas João Ignácio não se contentou em dar os pêsames e ir embora. Sem que Nathália fizesse ideia (nem anotara o contato dela), começou uma campanha entre amigos no Instagram para achar outro linguicinha para a família. Em áudios enviados para os amigos, contava do desespero da menina com o atropelamento do pet. "Sei que não substitui (o animal de estimação que morreu), mas ameniza", dizia.
Choveu gente querendo ajudar. E, quando recebeu uma foto de um filhote de linguiça de 70 dias, João Ignácio não teve dúvidas — achou parecido com Bock, inclusive. Fez a irmã trazer o animal de Santa Maria a Porto Alegre.
No sábado, amarrou um laço vermelho no pescoço do linguicinha e foi até a casa da família, onde encontrou os pais chorando. Nathália não estava, então, entraram todos no carro de João Ignácio para fazer a surpresa para ela na casa do namorado, em Viamão.
Quando Kaluana tirou de dentro do casacão preto o filhote, Nathália quase não acreditou. Não teve quem não se emocionasse.
— Eu nunca imaginei que alguém pudesse fazer isso por mim — relatou ela a GaúchaZH, por telefone, enquanto abraçava o mais novo amigo canino.
João Ignácio, que mora no Rio de Janeiro e está passando as férias em Viamão, conta que se colocou no lugar de Nathália. Ficou tocado pela cena dela abraçando o pet no meio do Moinhos de Vento, pelo carinho que tinha por ele.
O jovem brinca que virou "dindo" do filhote. E xará, também.
— Ela amou o cachorrinho, e botaram meu nome nele — conta, orgulhoso.