A primeira visita do arquiteto Jaime Lerner à orla do Guaíba revitalizada, cujo projeto nasceu em suas pranchetas em 2011, acabou rendendo mais do que homenagens da prefeitura e vereadores neste sexta-feira (9). Confirmando o que havia adiantado à Rádio Gaúcha pela manhã, o prefeito Nelson Marchezan aproveitou o visitante ilustre para mostrar os primeiros esboços de uma roda-gigante no trecho 2 da orla, entre a Rótula das Cuias e o Anfiteatro Pôr do Sol. A ideia original é do próprio Lerner.
— Será uma roda-gigante com no mínimo de 80 metros de altura. No Rio, está sendo construída uma que pode atingir 83 metros. Então, em Porto Alegre, o investidor terá a oportunidade, se desejar e tiver recursos, de construir a maior roda-gigante do Brasil. Um atrativo nacional e da América do Sul. As pessoas que vierem ao Estado quase que obrigatoriamente passarão um dia aqui na cidade de Porto Alegre — declarou o prefeito.
— Que a roda-gigante de Porto Alegre não saia de lá de cima — brincou o arquiteto.
Aos 81 anos, o ex-governador do Paraná também demonstrou bom-humor em relação à sua saúde frágil, dizendo que teria vindo à Capital visitar o resultado de sua obra mesmo que fosse de cadeira de rodas desde Curitiba. Ao final da tarde, Lerner foi homenageado em sessão na Câmara de Vereadores. Neste sábado (10), ele deve almoçar com familiares no restaurante Orla 360 após visitar o trecho revitalizado.
Conforme Marchezan, a roda-gigante será uma obrigação imposta aos investidores dispostos a explorar o trecho 2. Na segunda-feira, a prefeitura dá início a uma consulta pública sobre o tema, que deve durar pelos próximos 30 dias. A estimativa da prefeitura é que esse investidor arque com R$ 70 milhões, considerando a roda-gigante e o restante do trecho, sendo recompensado com a concessão da exploração de ingressos. O valor, todavia, pode mudar conforme o resultado da consulta pública.
Hoje, a maior roda-gigante do Brasil é a Giranda Mundi, que fica no parque de diversões Hopi Hari, de São Paulo, e tem 44 metros. Em breve ela será superada pela Rio Star (o nome é provisório) que está sendo construída no Parque Mauá, no Rio de Janeiro, junto à Baía de Guanabara. Embora Marchezan tenha falado em 83 metros, ela poderá chegar a 90 metros.
Na capital fluminense, um grupo de investidores chineses está construindo a roda-gigante e a prefeitura receberá, ao longo de cinco anos, R$ 200 mil mensais (no total, R$ 12 milhões) ou 5% da renda com os ingressos (o valor que for maior). Serão 54 cabines climatizadas com oito passageiros. Por aqui, Marchezan fala em cabines para 10 a 15 passageiros. A título de comparação, a London Eye, de Londres, tem 135 metros de altura e 32 cabines com capacidade de 25 pessoas em cada uma.
No dia 6, o Executivo anunciou o consórcio português ACA/RG como a melhor proposta para a execução do trecho 3 da Orla, dedicado à prática de esportes, entre a Avenida Ipiranga e o Parque Gigante, a um custo de R$ 46 milhões (abaixo dos R$ 57 milhões estimados pela prefeitura). Ainda cabe recurso aos demais participantes da licitação. Se não forem aceitos, as obras devem começar entre o final de agosto e início de setembro com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o mesmo do trecho 1, já revitalizado.