Se vocês viram esses projetos na TV ou nos jornais e acharam que nunca sairiam do papel, não podiam estar mais certos. GaúchaZH selecionou cinco ideias para a Região Metropolitana que, além da grandiosidade, têm em comum o fato de nunca terem vingado.
Maior oceanário da América Latina em Esteio
Um conjunto de aquários com mais 700 espécies de animais em 5,5 milhões de litros d'água. Incluindo tubarões, haveria aquários marinhos e de água doce, além de cenários da Amazônia e do Pantanal. Tudo isso estava previsto para o maior oceanário da América Latina, que começaria a ser construído em 2008 em Esteio, a mais de 100 quilômetros do litoral gaúcho.
A obra deveria ser erguida ao lado do Parque de Exposições da Expointer — parte em terras adquiridas pela empresa responsável, parte em áreas pertencentes ao Estado. Com orçamento em torno de R$ 92 milhões, teria recursos de empresas privadas.
Reni Puls, diretor da Seaquarium, empresa à frente do projeto, garante que ele não foi abandonado, mas passou por transformações. Ele adianta apenas que agora está sendo desenvolvido um projeto para aquário em Gramado. Após, há uma ideia para um aquário na Capital — mas ainda incipiente, ele não revela mais informações.
Arranha-céu de 256 metros no 4º Distrito
Na ilustração do projeto, os mais altos edifícios de Porto Alegre parecem nanicos aos pés dele: o primeiro arranha-céu da cidade e também maior prédio Estado — o dobro do tamanho do atual, em Caxias do Sul, para ser mais exato.
Fruto de um projeto de conclusão de curso do arquiteto Luis Henrique Bueno Villanova, a ideia foi apresentada na Secretaria Municipal de Urbanismo em 2015. O arranha-céu de 256 metros — cerca de 85 andares — foi pensado para a área área do 4º Distrito (bairros Floresta, Navegantes, São Geraldo, Humaitá e Farrapos), que ficou quase abandonada após a debandada das fábricas da região.
Em vez de um bloco único, a construção seria "vazada", com andares intermediários onde ficaria retida água para reutilização. Além de apartamentos residenciais, previa um hotel e uma área de uso comercial.
Então titular da pasta, Valter Nagelstein postou à época duas imagens em seu perfil no Instagram, acompanhadas de comentários como "Que tal um prédio de 260 mts no Quarto Distrito?" e "Quem disse que não pode torre em orla?".
A ideia nunca tomou corpo. Nagelstein, hoje vereador, destaca que se tratava apenas de uma simulação e que não se chegou a buscar um incorporador.
Trem-bala de Porto Alegre a Torres
Acordou querendo ver o mar? Que tal pegar um trem-bala e chegar em Torres, a 202 quilômetros da Capital, em pouco mais de uma hora?
Ironicamente, o projeto de um trem-bala ligando a Capital ao Litoral Norte nunca passou da primeira marcha. Quando o advogado Carlos Gomes concorreu à prefeitura de Porto Alegre pelo PRN, em 1992, sua grande proposta era implantar o trem-bala na rota Capital-Litoral, ideia que deixou o político famoso, mas não trouxe os votos necessários. Lá pelos anos 2000, quem comprou essa bandeira foi o então deputado Paulo Azeredo, presidente da "Comissão Pró-Trem-Bala". O modelo imaginado pelo deputado seria o de um trem americano, movido a diesel ou a eletricidade, que chega a atingir 350 km/h. Baseado em pesquisas com empresas do transporte ferroviário, ele estimava que o projeto possa ficar orçado em aproximadamente R$ 800 milhões (na época).
Questionado por GaúchaZH, Paulo Azeredo disse que não sabe, precisamente, qual foi o maior entrave do projeto. Ele afirma que o projeto tinha apoio de prefeitos do Litoral e do então governador Germano Rigotto, além de empresas chinesas (ele chegou a ir até o país). Pondera que até em capitais com grande demanda, como São Paulo e Rio de Janeiro, o trem-bala também não vingou.
— E tem toda essa questão que se impõe, da rodovia em detrimento da ferrovia, do interesse automobilístico, do combustível — acrescenta.
Praia artificial junto ao Clube Farrapos
Se o trem-bala não vingou, em 2012, os porto-alegrenses sonharam com a possibilidade de colocar o pé na areia e pegar onda sem sair de Porto Alegre. Uma companhia californiana chegou a acertar o arrendamento de 3,5 hectares do Clube Farrapos, por 40 anos, para construir uma praia artificial em plena Capital, com piscina de ondas e tudo. O projeto estava sendo elaborado no Rio de Janeiro pelo renomado arquiteto Índio da Costa. A ideia incluía a construção de um hotel com a bandeira de um grupo espanhol.
Os americanos miraram na capital gaúcha em razão de uma pesquisa que apontou Porto Alegre como uma das cidades sem mar com maior número de surfistas no país, e o Clube Farrapos viu como uma boa oportunidade econômica para manter-se viável.
Segundo o administrador do clube, Claudir Roberto dos Santos, a empresa americana precisaria obter várias licenças para tirar o projeto do papel, o que levaria muito tempo, e acabou desistindo.
Terceira ponte do Guaíba
Não estamos falando da segunda ponte do Guaíba, essa que você vê em obras pouco antes de acessar a Avenida Castello Branco. Mas uma terceira ponte, ligando o Lami, no extremo sul de Porto Alegre, à cidade de Barra do Ribeiro, já foi uma obra na mira do governo do Rio Grande do Sul.
O plano do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) remete a 2010. A travessia seria uma opção à atual ligação da Capital com o sul do Estado, à beira de um colapso. O estudo da ponte integrava um megaprojeto de um Rodoanel na Grande Porto Alegre, aos moldes do paulista _ o traçado do rodoanel devia seguir pela ERS-118 duplicada até Viamão e chegar ao Lami. Do outro lado do Guaíba seriam feitas obras que cortariam a BR-116 e chegariam à BR-290. Nas projeções otimistas, as obras poderiam ser iniciadas em 2011.
Uma ideia similar a essa não está enterrada. Um dos fundadores do Movimento Ponte do Guaíba e atual presidente do grupo, Luiz Antonio Domingues, que que tirou dinheiro do próprio bolso para lutar pela nova ponte do Guaíba, já noticiou que pretende defender a implantação de uma terceira ponte, partindo de Viamão.