Está difícil pegar o ônibus na hora certa para quem mora na Restinga, zona sul da Capital. O problema se acentua no início da manhã, quando os moradores vão trabalhar, e no final da tarde, hora de voltar para casa.
Os passageiros citam a falta de ônibus como um dos motivos para a demora, e afirmam que, no último ano, a situação se acentuou. O Consórcio Viva Sul, que opera as linhas da região, aponta outra possibilidade: a pavimentação de uma via que desemboca na Avenida Edgar Pires de Castro, principal acesso da Restinga.
Desde que recebeu asfalto, drenagem e construção de passeio público, há mais ou menos um ano, a Rua do Schneider se tornou uma rota alternativa para quem sai da Restinga e vai para a região central da cidade. Entretanto, assim como os outros acessos da comunidade, ela desemboca na Edgar Pires de Castro, causando grande fluxo no trânsito. Esse aumento de movimento na via ocorre quando há a criação de um “polo gerador de tráfego”, caso da rua reformada.
Circulando por paradas da Restinga, a reportagem ouviu relatos de demora dos coletivos em razão do trânsito carregado. Entretanto, os passageiros ainda reforçam o desejo de que as linhas tivessem mais ônibus circulando.
Na Rua Tobago, por exemplo, fica o terminal de linhas como a R4 (Rápida 4/Restinga Velha) e 211 (Restinga Velha). São as principais para quem precisa ir até o Centro. Os atrasos, somados à falta de ônibus e à superlotação, têm gerado incômodo, conforme relatam usuários.
A diarista Fernanda Ferraz Prates, 38 anos, vive há sete anos na Tinga. Segundo ela, a situação atingiu o ápice no último ano. Além da pavimentação de uma nova rua, Fernanda acredita que o aumento populacional na Restinga Velha também tem sobrecarregado as linhas de ônibus.
– Saíram muitos condomínios aqui pela região, milhares de pessoas se mudaram. Eu caminho até o terminal para tentar pegar o ônibus mais vazio. Quando sai da Restinga, já está lotado – conta ela.
A reportagem acompanhou parte da espera de alguns moradores durante o início da tarde de sexta-feira. Mesmo não sendo um horário de pico, quem esperava pela linha R4 já estava havia 30 minutos no terminal. Era o caso de Alexandra Sabrina Pedroso, 38 anos. A diarista conta que o tempo entre uma itinerário e outro prejudica na pontualidade do trabalho.
– A gente tem que aguentar atraso do ônibus, mas explicar atraso todo dia para o patrão fica difícil. Além de demorar, quando chega, duas linhas chegam juntas, a R4 e a 211 – critica Sabrina.
Consórcio justifica problemas em linhas
Um dos responsáveis pelo planejamento de tráfego do Consórcio Viva Sul, Guilherme Rocha Bittencourt explica que, além do problema de tráfego causado pela pavimentação da Rua do Schneider, as linhas R4 e 211 têm perfis diferentes. Conforme Guilherme, a R4 é uma linha rápida, que não para em todos os pontos e tem sua tabela priorizada nos horários de pico.
Já a 211 possui mais horários durante o dia e também recolhe passageiros em todas as paradas pela quais passa. Por isso, as duas linhas terem os mesmos horários partindo do terminal é um procedimento normal.
– Em relação a atrasos e superlotação, recebemos reclamações, como todo serviço que atende ao público recebe. Trabalhamos constantemente para tentar resolver isso – explica o responsável.
Guilherme também garante que o consórcio vem trabalhando em conjunto com a EPTC para buscar soluções que melhorem a mobilidade para os ônibus que partem da região.
Nova pista será implantada no local
Por meio de nota, a EPTC informou que tem conhecimento de “congestionamentos de aproximadamente 15 minutos que se formam no trecho entre a rótula da Avenida Edgar Pires de Castro, na acesso da Restinga, e a Rua do Schneider”.
A empresa garantiu que estuda maneiras de melhorar a circulação de veículos e que, atualmente, já ocorrem obras na região. Os reparos estão sob responsabilidade da Divisão de Conservação de Vias Urbanas (DCVU), que realiza neste trecho a criação de mais uma pista em um trecho de 190 metros da via.
A previsão é de que os serviços se estendam por mais 60 dias, dependendo do clima. Enquanto os trabalhos ocorrem, a prefeitura salienta que podem ocorrer transtornos no trânsito.
Em relação aos atrasos e descumprimento de horários, a EPTC diz que tem recebido reclamações e “está realizando os respectivos autos de infração administrativos para os operadores da área de transporte que descumprem a legislação municipal”.