Na primeira busca à noite feita por agentes da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, 12 escorpiões-amarelos foram encontrados no Centro Histórico. Três deles estavam vivos em bueiros, e nove foram encontrados mortos em um estabelecimento cujo nome não foi divulgado — o local passava por um processo de controle de pragas.
A bióloga Fabiana Ninov, da coordenadoria-geral da Vigilância em Saúde, afirma que a busca à noite é eficiente porque o escorpião-amarelo tem hábitos noturnos — neste horário, o animal se movimenta mais e sai dos bueiros para procurar comida.
— É um tipo de ação que envolve logística, já que precisamos de funcionários da área de manutenção, que abrem os bueiros, e temos de mobilizar servidores à noite. Uma lanterna especial permite identificá-los no escuro, faz com que eles "brilhem". Desta vez, não foram tantos encontrados em bueiros, mas queremos fazer mais ações nos próximos meses.
O Centro Histórico é considerado um local infestado pelo escorpião amarelo, e é a região da cidade que registra o maior número de aparecimentos. As buscas e orientação se concentram nas vias Marechal Floriano, Salgado Filho, Senhor dos Passos, Vigário José Inácio, Doutor Flores e Andradas — na noite desta quinta-feira, a procura durou cerca de uma hora e meia. Os relatos feitos pelos moradores foram de mais de 50 casos de visualização do animal.
Fabiana ressalta que o aparecimento dos animais não pode ser atribuído à falta de higiene ou cuidado dos moradores e comerciantes. A expansão das cidades propiciou a chegada do escorpião-amarelo às áreas urbanas em busca de alimentos.
— Nesses locais onde a infestação é grande, como o Centro, as pessoas já estão bem orientadas e se mobilizando para evitar o aparecimento do escorpião-amarelo. Fico feliz quando chegamos para conversar com alguém e a pessoa já sabe o que fazer. É diferente da dengue, em que as pessoas reproduzem criadouros para os mosquitos em seus próprios pátios. Neste caso, ninguém tem culpa do aparecimento do escorpião-amarelo. O que temos que fazer é tomar medidas para que eles não entrem nas casas e comércios — explica a bióloga.
O escorpião-amarelo, por hábito, vive em bueiros, mas também pode se abrigar em outros locais. Quando sai, é à procura de comida, como baratas, que são o principal alimento. Assim, as pessoas devem evitar o acúmulo de entulho, o que elimina abrigo e alimento.
O animal é venenoso e, em crianças, a picada pode, inclusive, levar à morte. O escorpião-amarelo se reproduz sozinho, o que também facilita o aparecimento. Até agora, em Porto Alegre, mais de 60 casos de aparecimento foram registrados em 2019. Houve apenas um caso de acidente.
O que fazer ao deparar com um escorpião-amarelo
O escorpião-amarelo não salta nem enxerga, apenas reage ao toque — por isso, se for visualizado, a orientação é que a pessoa tente matá-lo, sempre com segurança e, de preferência, cortando o animal para garantir que esteja morto. Inseticidas não são eficientes no combate — apenas empresas especializadas no controle de pragas fazem esse trabalho.
Para registro do aparecimento, ligar para o número 156 e discar a opção 6, da Vigilância em Saúde. A pessoa deve fornecer nome, telefone e endereço.
O que fazer em caso de picada
Procurar imediatamente o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, único local onde há o soro antiescorpiônico, segundo a Vigilância em Saúde. Os enfermeiros dos postos de saúde também estão orientados a fazer o encaminhamento e reconhecer os casos. Depois do atendimento, o acidente deve ser comunicado à prefeitura pelo telefone 156.