Correção: os profissionais que acolheram a mãe após o parto são socorristas, e não paramédicos. A informação incorreta permaneceu publicada entre 0h10min de domingo e 17h40min de segunda-feira.
Como uma história de cinema, uma grávida de oito meses entrou em trabalho de parto e deu à luz em frente ao balcão da padaria do supermercado Unisuper, localizado no bairro Santa Isabel, em Viamão, por volta das 17h30min deste domingo (16). O parto foi feito às pressas pelo segurança e pela balconista na padaria.
Segundo relatos dos presentes, a mãe, não identificada, entrou no supermercado, acompanhada de uma amiga, já sentindo dores. A ideia era comprar apenas um lanche para apaziguar a fome antes de ir para o hospital. No entanto, a mulher começou a sentir contrações na padaria e precisou sentar-se.
O segurança Alex Carvalho, 42 anos, correu para ligar para a Samu — a instituição teria dito que não havia ambulâncias disponíveis. Colegas teriam ligado para a Brigada Militar, que informou também não ter viatura para ir ao local levar a mãe a um hospital.
— Espera um pouco, a gente está chamando a Samu. Respira. Estou contigo — disse Alex.
— Tô com muita dor, eu vou ganhar. Me deita no chão — disse a grávida em trabalho de parto.
A balconista da padaria, Denise Maria Machado, 42 anos, foi rapidamente ao depósito e trouxe alguns pedaços de papelão para que a mãe não deitasse diretamente no piso do supermercado. Logo depois, a bolsa estourou — a mãe estava prestes a ganhar o nenê.
Colegas no dia a dia, o segurança e a balconista correram para os fundos e lavaram as mãos. O bebê nasceria ali mesmo, em frente ao balcão da padaria.
Enquanto Alex massageava a barriga da mãe, Denise abriu a calça da grávida e se posicionou para ajudar o recém-nascido a vir ao mundo.
— Eu fiquei desesperada, a mãe estava com muita dor. Botei meu avental por cima dela, porque tinha muita gente em volta de nós, e esperei. Quinze anos atrás, ajudei minha irmã a dar à luz em casa, então sabia o que fazer.
Em meio a gritos de dor, o bebê nasceu: primeiro as perninhas, depois o bumbum, as costas, um bracinho, o outro bracinho e, finalmente, a cabeça. Após leves tapinhas nas costas, o nenê, um menino, deu um espirro. Um leve choro ecoou pelos corredores do supermercado.
Uma pessoa ("não sei quem, mas foi correndo", diz Denise) comprou em uma farmácia um sugador para que Alex retirasse sangue e placenta do nariz do recém-nascido.
— Eu acompanhei o parto dos meus dois filhos e via que os médicos faziam isso. Aí fiz o mesmo — contou o segurança.
O parto durou cerca de 1h30min. O bebê foi o terceiro filho da mulher. Quando os socorristas chegaram, mãe e filho repousavam abraçados — o menino era envolto por uma toalha recolhida rapidamente do balcão do próprio supermercado.
— Os clientes estavam fazendo compras, normal. Foi muito rápido. De repente, tá nascendo, nascendo, nasceu! Parecia coisa de cinema, a mãe depois do parto estava até sorrindo, bem normal — relata o subgerente do supermercado Douglas Joaquim Loeblein, 44 anos.
Nenhum funcionário soube informar a identidade da mãe nem para qual hospital ela foi encaminhada —as fotos, segundo os funcionários, foram autorizadas por ela. Alex e Denise afirmaram que ajudaram a grávida porque era o certo a ser feito.
— Eu fiz de coração, só quis ajudar. Vi o jeito como ela estava e me coloquei no lugar dela. Tenho um filho de 18 anos e fiquei sentada na cadeira do hospital, esperando ser atendida. Fiz o que podia para tudo dar certo naquela situação — afirma Denise.
Enquanto relatava a situação à reportagem de GaúchaZH, Alex demonstrava tranquilidade. Conta que, na hora, apenas agiu rápido. Após o parto, quando lavava as mãos, sozinho e em silêncio, chorou de emoção.
— A gente fez o que tinha de fazer. Minha falecida mãe me ensinou: faça sempre o bem, sem olhar a quem. Amanhã estou pronto para outra — brincou o segurança.