A construção da nova ponte do Guaíba tem um nível de proteção contra enchentes inferior ao de outras obras realizadas na Região Metropolitana nas últimas décadas. O sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre, por exemplo, tomou como parâmetro de segurança a pior inundação que a cidade já registrou oficialmente – a cheia de 1941. Mas isso não quer dizer que seja obrigatório seguir esse nível de prudência.
O professor de Hidrologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Joel Avruch Goldenfum afirma que o Muro da Mauá e outras avenidas projetadas com elevação suficiente para conter um eventual avanço das águas foram implantadas na chamada cota seis.
A cota é o nível do Guaíba medido em uma régua no Cais Mauá. A enchente de 41 atingiu uma medição de 4m75cm, sobre os quais foi acrescentado ainda mais 1m25cm como margem de segurança, totalizando um patamar de referência de seis metros.
A linha de defesa composta pelo muro e outras construções como a freeway seguiram esse padrão. Goldenfum afirma que o manual do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) indica que pontes devem prever um metro a mais de segurança em relação a um nível de cheia que se estima que possa ocorrer uma vez a cada cem anos. Em 1968, quando foi feito um estudo abrangente sobre a hidrologia do Guaíba, esse índice era de 4m10cm. Esse número caiu agora para 3m65cm conforme cálculos próprios do professor de Hidrologia (já que desde então a média dos níveis do Guaíba teve tendência de queda).
— Não tenho como saber exatamente quais parâmetros foram usados na nova ponte do Guaíba, esses foram números que encontrei. Mas várias outras obras na Região Metropolitana, incluindo a proteção contra cheias do Guaíba em Eldorado do Sul e em São Leopoldo utilizam como referência a cheia de 1941 por ser uma cota mais conservadora e segura — diz Goldenfum.